Dietas como a "5:2", que incentiva as pessoas a comerem normalmente durante cinco dias da semana, mas restringem severamente as calorias nos outros dois, vêm ganhando popularidade devido ao "sucesso" na perda de peso.
A pesquisa analisou os efeitos dessa dieta em ratos, que realizavam o jejum em dias alternados durante um período de três meses. O peso dos roedores e a ingestão de alimentos diminuíram ao longo do tempo, como era esperado, mas a quantidade de gordura ao redor da barriga aumentou.
As células do pâncreas responsáveis pela liberação de insulina também foram danificadas e apresentavam sinais de resistência ao hormônio – um fator de risco para o diabetes tipo 2.
"Este é o primeiro estudo a mostrar que, apesar da perda de peso, as dietas intermitentes de jejum podem danificar o pâncreas e afetar a função da insulina em indivíduos saudáveis, o que pode levar ao diabetes e a problemas de saúde graves. Devemos considerar que pessoas com sobrepeso ou obesas que optam por jejuns intermitentes podem já ter resistência à insulina. Portanto, embora essa dieta possa levar a uma perda de peso rápida, a longo prazo, pode causar sérios efeitos prejudiciais à saúde, como o desenvolvimento de diabetes tipo 2", comenta a pesquisadora Ana Claudia Munhoz Bonassa, principal autora do estudo, durante a palestra de apresentação dos resultados.
O próximo passo dos pesquisadores da USP é examinar de que forma o jejum intermitente danifica o pâncreas.
Vale lembrar que, se os níveis de insulina se tornarem muito baixos no organismo, ou se o corpo ficar resistente ao hormônio, há elevação da quantidade de açúcar no sangue, o que proporciona danos cardíacos, renais e oculares.
Pesquisas anteriores já haviam mostrado que o jejum de curto prazo pode produzir moléculas chamadas radicais livres, que são altamente reativas e causam danos ao corpo em nível celular. Elas também estão associadas ao maior risco de câncer e ao envelhecimento acelerado..