Além de identificar o animal, a equipe estudou detalhadamente o esmalte de seu dente, reconstituiu o paleoambiente em que viveu, além de ter datado, pela primeira vez a partir de estudos radioisotópicos, as rochas arenosas de reconhecida riqueza paleontológica que cobrem boa parte da região oeste de SP.
Com isso foi possível saber, dizem os pesquisadores, que o Brasilestes stardusti teria vivido há aproximadamente entre 80 e 75 milhões de anos, o que corresponde ao fim do período Cretáceo, pouco antes da grande extinção dos dinossauros. Abundantes e diversificados após a extinção desses grandes répteis, os mamíferos eram muito mais raros na Era Mesozoica. "Em geral possuíam pequeno tamanho, ocupando nichos não explorados pelos dinossauros, como os de animais noturnos, arborícolas ou fossoriais", diz o artigo científico, que foi publicado na revista Royal Society Open Science, na quarta, dia 30 de maio.
Apesar de pequeno, com um comprimento equivalente ao de um gambá atual (estimado em cerca de 50 cm), o Brasilestes stardusti teria sido um dos maiores mamíferos da época, quando os representantes do grupo geralmente não ultrapassavam os 15 cm.
Segundo a pesquisadora Mariela Castro, da Universidade Federal de Goiás, líder do estudo, a nova espécie pertence ao grupo Tribosphenida de mamíferos, que também inclui os marsupiais (gambás e cangurus) e placentários como o tatu. Os tribosfênidos contam com diversos registros no Cretáceo do Hemisfério Norte, mas, no Hemisfério Sul foram encontrados apenas na Índia, em Madagascar e no norte da América do Sul, estando ausente nas ricas faunas de mamíferos registradas no sul do nosso continente (principalmente na Patagônia Argentina). "Assim, a descrição de Brasilestes stardusti vem a preencher uma importante lacuna no registro de mamíferos mesozoicos, ressaltando a importância do Brasil para a compreensão da história evolutiva do grupo", comenta Mariela.
(com Jornal da USP e Agência Fapesp).