Revista Encontro

Ciência

Não existe vida após a morte, de acordo com as leis da Física

Cientista americano diz que precisaríamos de 'outras leis' no Universo para a 'vida eterna'

João Paulo Martins
O cosmologista americano Sean Carroll, professor de Física do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), em Pasadena (EUA), afirma ter chegado a uma conclusão acerca da suposta existência de vida após a morte.
Segundo o cientista, após estudar "exaustivamente" as leis da Física, é possível dizer que, como elas são completamente compatíveis com o nosso cotidiano, em vida, regendo tudo que nos cerca, inibem a suposta vida após a morte, já que a consciência precisaria ser algo totalmente separado do corpo físico, o que, na prática, não é possível.

Em vez disso, a consciência, em seu nível mais básico segundo a Física, é uma série de átomos que compõem a nossa mente. Sean Carroll lembra que as leis do Universo não permitem que essas partículas operem de forma independente após a morte. "Afirmar que alguma forma de consciência persiste depois que o corpo morre e os átomos decaem enfrenta um enorme e insuperável obstáculo: as leis da Física relativas à vida cotidiana são completamente compreendidas e não permitem, de forma alguma, que informações armazenadas em nossos cérebros se mantenham depois que morremos", explica o cosmologista em entrevista para a revista científica americana Scientific American.

Para chegar a essa constatação, Carroll usou a Teoria Quântica de Campos (QFT, na sigla em inglês). Em termos simples, a QFT pressupõe um conjunto de ideias e lógicas matemáticas que fornecem argumentos quânticos para a existência das diferentes partículas do Universo. Por exemplo, todos os fótons, componentes básicos da luz, e os elétrons precisam seguir certos parâmetros para dizermos que eles existem. O cientista americano explica que, se a vida continuasse de alguma forma após a morte, testes que usam a Teoria Quântica de Campos teriam revelado "partículas espirituais" e "forças espirituais" relacionadas com o "pós-vida".

"Se, realmente, não existe nada além de átomos e forças conhecidas, claramente não há como a alma sobreviver à morte. Acreditar na vida após a morte, para dizer o mínimo, requer uma Física diferente do Modelo Padrão .
Mais importante, precisamos que essa 'nova Física' tenha uma forma de interagir com os átomos existentes hoje. Dentro do QFT, não pode haver uma nova coleção de 'partículas espirituais' e 'forças espirituais' que interajam com nossos átomos regulares, porque seriam detectadas em experimentos", afirma Sean Carroll ao Scientific American.

Apesar de reconhecer a importância científica dessa afirmação, o professor da Caltech lembra que, além de ajudar a entender melhor o funcionamento da consciência humana, "não há razão para sermos agnósticos sobre ideias que são drasticamente incompatíveis com tudo o que sabemos sobre a ciência moderna"..