Revista Encontro

Meio-ambiente

Papelcartão poderá substituir o plástico nas embalagens

Projeto em análise no Senado e campanha da ONU pretendem retirar o plástico dos produtos

Da redação com assessorias
O Senado do Brasil está analisando o Projeto de Lei do Senado 92, de 2018, que prevê o fim, gradual, do uso de plástico na feitura de pratos, copos, bandejas e talheres descartáveis.
A ideia é que, em 10 anos, o plástico seja totalmente substituído por materiais biodegradáveis em itens destinados ao acondicionamento de alimentos prontos para o consumo. Quem também reforça a necessidade de limpar a natureza desse subproduto do petróleo é a Organização das Nações Unidas (ONU). Com a meta de retirar de circulação todos os plásticos descartáveis do mundo em cinco anos, a ONU lançou a campanha global #CleanSeas, em português #MaresLimpos, que pede, de um lado, a limpeza dos oceanos e a criação de políticas públicas para a redução do uso do plástico e, por outro, às empresas e indústrias que diminuam a produção de embalagens e optem por materiais mais sustentáveis.

O alerta chega por conta do aumento considerável da poluição provocada por esse material. A estimativa das Nações Unidas é de que oito milhões de toneladas de plástico vão parar nos oceanos todos os anos. Um milhão de garrafas plásticas são compradas no mundo a cada minuto e só 9% delas são recicladas. Em reflexo a isso, mais de 100 mil mamíferos marinhos morrem anualmente devido aos microplásticos (são partículas menores que um mm), que também pode ter sido a causa da morte de mais de um milhão de aves marinhas durante o ano passado.

Entre as principais alternativas para substituição do plástico nas embalagens de alimentos é o papelcartão. Ideal para confeccionar caixas e embalagens de alimentos, cosméticos, medicamentos e bebidas, a matéria-prima, originária de fontes renováveis, oferece inúmeras possibilidades de design e impressão (podem ser usados todos os lados).
Além disso, o material é biodegradável e 100% reciclável.

É importante ressaltar que a matéria-prima básica do papelcartão é a celulose, resultante principalmente do beneficiamento da madeira de florestas plantadas e da reciclagem de aparas de papel geradas durante o processo industrial. O Brasil é pioneiro em sustentabilidade e manejo responsável, com toda a produção nacional proveniente de florestas plantadas – que ocupam 7,84 milhões de hectares, o correspondente a 0,9% do território nacional.

Essas características fazem com que o papelcartão seja considerado ideal para a confecção de embalagens, segundo a Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Indústria Brasileira de Árvores. "Ele é fundamental no dia a dia de comerciantes e consumidores. É base, por exemplo, para a produção de um material chamado 'polpa moldada', que serve para bandejas para transporte e proteção de diversos produtos, como hortifrutigranjeiros, ovos, lâmpadas, celulares, geladeiras, fogões, entre outros", destaca a executiva.

Segundo a Associação Europeia de Cartão e Papelcartão (European Association of Carton and Cartonboard Manufacturers), a principal vantagem do uso do papelcartão é a sustentabilidade. Os recursos utilizados na produção do material são renováveis. Certificações como o FSC (Forest Stewardship Council) garantem que o manejo seja feito de maneira sustentável. O material também é totalmente reciclável. Suas fibras podem ser recicladas cerca de cinco vezes e, quando a reciclagem não é mais uma opção viável, podem ser compostadas organicamente ou transformadas em energia por incineração especial. Atualmente, o papelcartão é o material de embalagem mais reutilizado na União Europeia, com uma taxa de reciclagem de 81,3%, segundo dados da Confederação Europeia de Papel..