
Um microscópio óptico normal não consegue fazer ampliações de objetos menores do que uma célula. Já com o nanoscópio desenvolvido pela UFMG, é possível ampliar coisas mil vezes menores do que a célula. O equipamento permite ainda obter informações sobre a topografia da estrutura (como se fosse uma análise da superfície). "É fundamental para os estudos sobre as moléculas. Caso contrário, é quase como tentar arrumar uma namorada sem poder olhar a cara dela", compara Ado Vasconcelos, que é um dos cientistas mais influentes do mundo na área de nanociência e nanotecnologia, com diversas premiações nacionais e internacionais. O equipamento criado por ele e direcionado ao desenvolvimento científico, foi replicado em dois centros de pesquisa no Brasil: no Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e na Universidade Federal do Ceará (UFC).
Alzheimer
A equipe do laboratório mineiro avança também em outra pesquisa importante: trata-se de um teste oftalmológico simples para identificar o desenvolvimento do Mal de Alzheimer em estágio precoce, possibilitando, assim, atuar para retardar sua evolução e buscar uma cura.
Segundo Ado Vasconcelos, o objetivo é utilizar a espectroscopia óptica, uma técnica que usa a luz para obter uma impressão digital das moléculas, para identificar a presença de uma proteína chamada beta-amiloide no fundo do olho do paciente – está relacionada ao desenvolvimento da doença. O equipamento é intitulado espectrômetro intraocular e os testes estão sendo feitos em camundongos transgênicos, selecionados por desenvolverem a doença com apenas dois meses de vida.
A equipe da UFMG está obtendo bons resultados na identificação da proteína, mas ainda não é possível realizar o teste em humanos. "É preciso evoluir na parte de segurança, para evitar danos colaterais do tratamento", comenta o pesquisador. Outros países, como Estados Unidos, Canadá e Austrália, também possuem estudos na mesma direção.