Revista Encontro

Saúde

Agora é oficial: OMS classifica vício em jogos como transtorno mental

A informação faz parte da nova revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças

João Paulo Martins
Nesta segunda, dia 18 de junho, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou a nova edição de sua Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) que traz de forma inédita a classificação dos "distúrbios com videogames" como sendo um problema de saúde mental.
A condição é definida pela OMS como sendo a "falta de controle crescente" num período superior a 12 meses, em que se dá cada vez mais importância aos jogos eletrônicos, com consequências negativas como falta de sono, irritabilidade e exclusão de outras atividades normais do dia a dia.

Segundo a OMS, em comunicado enviado à imprensa, "ter um distúrbio é algo que os países tomam em consideração quando planejam estratégias de saúde pública e monitoram tendências de distúrbios". A nova edição da classificação de doenças – que chega mais de 10 anos depois da última revisão – entrará em vigor apenas no dia 1º de Janeiro de 2022. Até lá, os países devem preparar as devidas adaptações do texto e treinar seus profissionais de saúde para trabalhar com as mudanças.

Vale lembrar que o manual da OMS é considerado uma base para identificação de tendências e estatísticas sobre doenças em todo o mundo por definir um código universal ligado à saúde.

Além do vício em games, a CID revisada apresenta novos capítulos dedicados à medicina tradicional e à saúde sexual, que passa a abranger o transtorno de gênero – condição que antes fazia parte das doenças mentais. Neste caso, em 2017, a OMS já havia anunciado essa mudança de categoria, especialmente depois que o órgão vinculado à ONU sofreu pressão do Parlamento Europeu para "retirar os transtornos de identidade de gênero da lista de transtornos mentais e comportamentais e optar por uma reclassificação não patológica".

"O manual é algo de que a OMS tem muito orgulho", diz Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, no mesmo comunicado. "Ele nos permite entender o que faz as pessoas ficarem doentes e morrerem, o que ajuda a tomar uma ação para prevenir o sofrimento", completa. Esta é também a primeira vez que o manual está totalmente disponível em formato digital, o que facilita a consulta por qualquer pessoa..