Segundo Paulo Bellonia, presidente da ONG SaveCerrado, a destruição acelerada do bioma se deve à falta de legislação que iniba o desmatamento predatório, além de outros fatores. "É exatamente no cerrado que existe a maior exploração do agronegócio, onde se destacam a criação de gado e a agricultura da soja em grande escala. As propriedades privadas próximas das unidades de conservação são obrigadas a preservar somente 20% da área nativa, comprometendo a biodiversidade nessas regiões", comenta o ativista.
Ele defende a manutenção do agronegócio, mas em concomitância com as áreas de preservação, inclusive para a maior produtividade agrícola.
No ano passado, pesquisadores do Instituto Internacional para a Sustentabilidade e de outras instituições nacionais e internacionais divulgaram um artigo na revista científica Nature Ecology and Evolution contendo dados preocupantes sobre a conservação das matas no Brasil. Segundo a pesquisa, o cerrado perdeu 46% de sua vegetação nativa, e só cerca de 20% permanecem completamente intocados. Até 2050, no entanto, o bioma pode perder até 34% do que ainda resta.
Isso levaria à extinção 1.140 espécies endêmicas – um número oito vezes maior do que o de plantas extintas em todo o mundo desde o ano de 1.500, quando começaram os registros. Os pesquisadores apontam que em 30 anos o cerrado brasileiro pode ter a maior extinção de plantas da história.
Mas, ainda conforme o estudo, restaurando áreas do cerrado que foram menos degradadas e que são importantes para a biodiversidade, seria possível reverter até 83% dessas possíveis extinções..