A cirurgia inovadora durou aproximadamente oito horas e foi bem-sucedida, segundo infromações do HC. A paciente, cuja embolia desenvolveu-se a partir de uma hipertensão pulmonar, reunia todas as condições clínicas para passar pelo procedimento, considerado a primeira indicação de tratamento para a doença. "Na tromboendarterectomia pulmonar é necessário colocar o paciente em uma situação que se chama circulação extracorpórea. O sangue sai do corpo e vai para uma máquina especial. A gente então reduz a temperatura do paciente de 37º C para 20º C. Nesse momento, interrompemos todo o fluxo sanguíneo do corpo do paciente para retirar os trombos crônicos do sistema pulmonar", explica o cirurgião Cláudio Gelape.
Ricardo Amorim e Cláudio Gelape passaram uma semana em São Paulo, no ano passado, para um treinamento com o professor Fábio Jatene e sua equipe no Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da USP. "Fizemos três procedimentos juntos durante o treinamento em São Paulo.
Jatene e Orival de Freitas Filho acompanharam a cirurgia. "Como é uma doença recém-descoberta e de difícil diagnóstico, não são muitos centros ao redor do mundo que dominam essa técnica. No Brasil, então, são muito poucos, infelizmente. O lugar com mais experiência é o InCor, no Hospital das Clínicas da USP. Vejo com muito bons olhos a possibilidade de o grupo do HC da UFMG oferecer esse tipo de tratamento para a embolia pulmonar crônica", destaca Jatene, que é vice-diretor do InCor.
O HC mantém o Ambulatório de Doença da Circulação Pulmonar, que trata, entre outras enfermidades, da hipertensão pulmonar. A instituição é também o primeiro hospital 100% gratuito (atende pelo SUS) de Minas Gerais a adotar a técnica. "Somos um centro de excelência em cirurgia cardíaca e temos um centro de excelência em pneumologia. Ou seja, temos o ambulatório e os pacientes. Daí, o interesse em técnica no rol de procedimentos realizados pelo HC", diz o médico Ricardo Amorim.
A doença
A tromboembolia pulmonar é uma síndrome clínica e fisiopatológica resultante da oclusão da circulação arterial pulmonar por um ou mais êmbolos. De 1% a 3% dos pacientes desenvolvem embolismo crônico, também chamado de hipertensão pulmonar tromboembólica, seguido de elevação da pressão da artéria pulmonar e aumento da resistência vascular pulmonar.
O aumento contínuo da pressão vascular leva ao remodelamento das pequenas artérias. Em pacientes selecionados, a tromboendarterectomia pulmonar é o procedimento indicado para o tratamento da hipertensão pulmonar tromboembólica, com redução significativa da pressão pulmonar e melhora hemodinâmica.
(com assessoria de imprensa do Hospital das Clínicas da UFMG).