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Médico fala sobre o que leva às crises de enxaqueca

O ideal é evitar situações e produtos que são 'gatilhos' do problema


postado em 15/06/2018 13:43 / atualizado em 15/06/2018 13:44

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Dores latejantes tomam conta de um dos lados da cabeça, quase sempre acompanhadas de náusea, enjoo e hipersensibilidade tanto à luz quanto ao barulho do ambiente. Esses sintomas afetam mais de 40 milhões de brasileiros, com idade entre 25 e 50 anos, e representam a temida enxaqueca. "Crises de enxaqueca podem durar de quatro a 72 horas e atingem uma grande quantidade de pessoas no Brasil e no mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde [OMS], cerca de 90% das pessoas já passaram por, pelo menos, uma crise de dor de cabeça durante a vida. E 30% tiveram crise de enxaqueca", comenta o neurologista Denis Bichuetti, do Hospital do Coração, de São Paulo (SP).

Embora as causas exatas do problema ainda sejam "misteriosas", o especialista lembra que a enxaqueca é o resultado de um desequilíbrio químico no cérebro que afeta os neurotransmissores, a integridade de biomoléculas cerebrais e o fluxo hormonal neurológico. Ainda segundo o neurologista, a relação da enxaqueca com questões hormonais é, justamente, o que faz a doença ser mais comum entre as mulheres. "Na infância, o problema se manifesta igualmente entre meninas e meninos. Porém, a partir da adolescência, mulheres costumam ter mais enxaqueca do que os homens numa proporção de quatro para um. Já após a menopausa, a quantidade de mulheres com enxaqueca em comparação com os homens diminui, mas continua maior", diz Bichuetti.

Contudo, o médico ressalta que, em ambos os sexos, as crises de enxaqueca começam quando células nervosas em estado de muita excitação reagem a algum gatilho, geralmente externo, que varia de pessoa para pessoa, entre aspectos que vão de alimentação a hábitos comuns do dia a dia. "Quando algum gatilho ativa a enxaqueca, impulsos são enviados aos vasos sanguíneos cerebrais que sofrem um processo contínuo de constrição e dilatação. Neste momento, diferentes substâncias inflamatórias, como serotonina e prostaglandinas, são liberadas no sistema neurológico, o que provoca a sensação de dor", explica Denis Bichuetti.

Em relação à dor de cabeça intensa que caracteriza o Acidente Vascular Cerebral (AVC), o especialista alerta que é bem diferente da enxaqueca. "A dor de cabeça relacionada ao AVC, especialmente o hemorrágico, é uma dor súbita e intensa que atinge seu ápice em menos de cinco minutos, o que é completamente diferente da enxaqueca", esclarece o neurologista.

Abaixo, confira as dicas do médico para prevenir as crises:

Sono de má qualidade
"Realmente provocar crises de enxaqueca. Porém, o fator mais grave está na mudança dos padrões de sono", diz Bichuetti. Segundo ele, quando alguém dorme sete horas por noite e, de repente, passa a ter menos horas de sono, ou ao contrário, é quase certo que a pessoa será vítima da crise de enxaqueca. "O ideal é procurar dormir de forma regular", orienta.

Estresse
O excesso de momentos estressantes pode causar a dor de cabeça intensa, conforme o especialista. "É importante saber controlar as atividades do dia a dia, assim como uma rotina balanceada entre trabalho, lazer e família".

Cheiros fortes
Curiosamente, o neurologista esclarece que pacientes com enxaqueca crônica também podem ter hipersensibilidade a certos odores, como de produtos de limpeza ou cosméticos. "Recomenda-se evitar contato direto com esses produtos".

Luz intensa
O excesso de iluminação também é capaz de agravar as crises de enxaqueca, mas de provocá-las, alerta o médico. "Nestes casos, é recomendável diminuir o brilho da tela de notebooks e celulares nos casos em que for realmente necessário utilizá-los durante uma crise".

Álcool e alimentos industrializados
"Bebidas alcoólicas, café, chocolate, queijos amarelos, enlatados e embutidos possuem um conservante em comum que pode provocar enxaqueca", afirma Denis Bichuetti. Porém, ele explica que os pacientes não precisam evitar totalmente esses produtos. "Basta observar se o excesso ou consumo isolado de algum deles provoca crises. Outra dica é evitar jejum prolongado".

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