Segundo a professora Margareth Capurro, principal responsável pela pesquisa da USP, ao evitar sequer o aparecimento das larvas, o inseto transgênico se combina perfeitamente com o trabalho de identificação e destruição de focos em áreas urbanas. Porque os protocolos de ação dizem que, quando são encontrados mosquitos nesse estágio de desenvolvimento, deve ser feito o uso de produtos químicos para eliminação dos animais.
"Para não ter que mudar todas as medidas, todos os parâmetros do mundo inteiro de combate ao mosquito, a linhagem que é estéril é mais adaptável ao que é a medida do controle", diz a pesquisadora, que já trabalhou no desenvolvimento de outras variedades de mosquitos modificados geneticamente. Um desses, produzido pela empresa Oxitec, por exemplo, tem machos que transmitem um gene que impede que os descendentes cheguem a fase adulta.
A fase do projeto que deve começar em setembro será feita em parceria com a organização social Moscamed Brasil, em uma fábrica em Juazeiro, na Bahia. Os testes serão feitos em gaiolas de campo, de três m², colocadas em ambiente natural.
"O objetivo é saber se eles sobrevivem e são capazes de copular na presença de ventos ou de chuvas. Esse é um teste importante, pois, quando fazemos uma modificação genética, além das características de interesse, podemos induzir também características indesejáveis", afirma Margareth Capurro.
Se o projeto correr como o esperado, a terceira fase pode ser iniciada ainda no final de 2019, com a produção piloto de 500 mil insetos por semana. A partir dos ajustes finais feitos nesta etapa, o mosquito estará pronto para ser reproduzido em grande escala.
A biofábrica de Juazeiro tem capacidade instalada para produzir 14 milhões de mosquitos por semana.
A ideia é que esse novo Aedes aegypti modificado possa ser usado também em outros países, distribuído pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é vinculada às Nações Unidas (ONU).
(com Agência Brasil).