Os resultados foram apresentados em abril, na Espanha, durante a conferência Meeting of Minds X (Encontro das Mentes, na tradução livre), evento científico dedicado ao TDAH e que discutiu as novidades sobre o transtorno.
O estudo americano foi uma revisão da literatura e confirmou que as crianças com TDAH apresentam dificuldades para limitar e monitorar o uso das tecnologias. Quando comparadas a crianças sem o transtorno, elas tendem a passar mais tempo jogando, por exemplo. "Essa falta de limites está relacionada às próprias características do TDAH, como dificuldade de gerenciar o tempo, dificuldade de se organizar, de priorizar as atividades, assim como dificuldade para regular a impulsividade. Outra revelação importante é que o uso excessivo da tecnologia também afeta o rendimento escolar, principalmente nas crianças que passam mais de uma hora por dia jogando", comenta a neuropediatra sul-matrogrossense Andrea Weinmann.
O tempo dedicado aos dispositivos eletrônicos também foi avaliado. Os efeitos para a saúde mental e para as funções cognitivas estão ligados à quantidade de horas gastas com jogos ou outras tecnologias.
Noite
A privação do sono é um problema enfrentado por muitos pais, principalmente de crianças mais velhas e de adolescentes, sendo a tecnologia uma das principais causas para o déficit do sono nessa faixa etária.
Segundo a neuropediatra, crianças com TDAH que dormem mal ou dormem pouco poderão apresentar piora dos sintomas de atenção, com importantes déficits na memória e na capacidade de aprendizagem, o que afeta diretamente o desempenho escolar.
Outro fator apontado pelo estudo é o local de acesso à tecnologia. "As crianças que possuem vídeogames, televisão e acesso à internet no quarto são as que costumam ficar mais tempo usando a tecnologia, já que têm menos supervisão dos pais", explica Andrea Weinmann. Por isso, a dica da especialista é retirar todos os equipamentos do quarto e monitorar de perto o tempo que a criança gasta vendo TV, jogando ou usando a internet.
Além da supervisão dos pais, a recomendação é que as crianças abaixo de dois anos não devem ser expostas a smartphones, tablets ou mesmo à televisão. Acima dessa idade, o uso deve ser limitado a uma hora por dia e sempre supervisionado.
"A criança copia o comportamento da família. Portanto, todos devem se comprometer a reduzir o uso dos dispositivos, principalmente antes de dormir e nas horas das refeições. Como não é possível proibir totalmente, é preciso equilibrar o tempo gasto em celulares, internet e games", diz a médica.
O ideal, segundo Andrea, é procurar participar desse uso de alguma maneira, ver junto, jogar junto etc. Isso vale para todas as crianças e adolescentes, mas é preciso lembrar que aquelas com TDAH devem ter ainda mais supervisão por parte dos pais, já que são mais suscetíveis aos efeitos negativos da tecnologia..