Os pesquisadores americanos realizaram a investigação em uma escola chinesa, em parceria com cientistas da Universidade Normal de Pequim, na China. Participaram do estudo 47 crianças, que foram divididas em três grupos: um recebeu aulas de piano com duração de 45 minutos, três vezes por semana; o segundo recebeu instruções extras de leitura pelo mesmo período de tempo; e o terceiro não foi submetido a nenhuma intervenção, funcionando como grupo controle. Todas tinham 4 ou 5 anos e o mandarim como língua nativa.
Após seis meses de avaliação, os cientistas testaram a capacidade das crianças em dinstinguir palavras com base em diferenças de vogais, consoantes ou de tom, já que muitos verbetes em mandarim diferem apenas em relação ao tom. Conforme a pesquisa, uma melhor discriminação de palavras, geralmente, corresponde a uma melhor consciência fonológica – relacionada à estrutura sonora, um componente-chave na aprendizagem da leitura.
As crianças que tiveram aulas de piano mostraram vantagem significativa em relação às do grupo de leitura extra na distinção das palavras que se diferem por uma consoante. E, ao discriminar verbetes com base nas diferenças vocálicas, as crianças do grupo de piano e do grupo de leitura extra apresentaram melhor desempenho do que as do grupo de controle. "Não houve diferenças mais amplas nas medidas cognitivas, mas as crianças mostraram algumas melhorias na distinção das palavras, particularmente com uso de consoantes.
Os pesquisadores também usaram aparelhos de eletroencefalograma para avaliar o funcionamento cerebral dos jovens e descobriram que as crianças do grupo de aulas de piano apresentaram atividades cerebrais mais proeminentes ao ouvir uma série de sons com tons diferentes. Os resultados sugerem uma maior sensibilidade aos diferentes volumes sonoros, o que pode ter ajudado na melhor distinção das palavras.
Estudos anteriores mostram que, geralmente, músicos têm melhor desempenho que os não músicos em tarefas como compreensão de leitura, distinção de ruído de fundo e processamento auditivo rápido. No entanto, a maioria dessas pesquisas, segundo a equipe do MIT, foi feita perguntando aos participantes sobre o treinamento musical que haviam recebido. Robert Desimone e os demais membros da equipe decidiram acompanhar os efeitos do contato regular com a música.
Para eles, os resultados atestam a importância de as escolas investirem nos ensinamentos musicais. "As crianças que receberam treinamento musical se saíram tão bem ou melhor do que aquelas que receberam instrução acadêmica adicional. Isso significa que as escolas deveriam investir em música e não se livrar da educação artística para oferecer aos alunos aulas mais tradicionais", ressalta Desimone..