Uma pesquisa realizada pelo Google BrandLab, que entrevistou 700 internautas de diversos estados brasileiros, descobriu que a busca pelo termo "machismo" no Google e no YouTube vem crescendo, apesar de ainda existir falta de informação ou confusão sobre o tema.
As consultas com o termo "machismo no Brasil" aumentaram 263% nos últimos dois anos, pulando da 9ª posição para 3ª em volume de busca, e a existência do machismo no país é uma verdade assumida por 78% dos brasileiros, conforme o levantamento.
No entanto, a pesquisa aponta que, apesar do crescimento do interesse, ainda há muita confusão e falta de informação sobre o tema. Para metade dos homens, machismo e feminismo são movimentos equivalentes. "O feminismo está disputando não é a hegemonia de um grupo sobre o outro, mas as relações de igualdade entre homens e mulheres", explica Fábio Mariano, pesquisador do Núcleo sobre Sexualidades, Gêneros, Feminismos e Diferenças da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). O machismo, por outro lado, é o esforço para manter as assimetrias entre os gêneros.
O levantamento do Google aponta que o conceito de "masculinidade tóxica" é desconhecido por 75% dos homens no Brasil. O termo explica que machismo e masculinidade hegemônica vêm a partir da construção do patriarcado, que é o sistema que, na construção do estado, colocou as mulheres na esfera privada, cuidando da casa e dos filhos, e os homens na arena pública. "Responsável por manter a casa e por ocupar os espaços da política, onde se disputa poder", destaca Mariano. "A masculinidade vem referendar isso dizendo para o homem: 'você precisa provar que é homem, assimilar determinados comportamentos'", complementa o pesquisador. Essa construção é, segundo o especialista, tóxica ao dar aval para uma série de práticas nocivas.
Entre os comportamentos ligados ao padrão dominante de masculinidade que, de acordo com a pesquisa do Google, vem sendo questionado pelos homens, está o cuidado com os filhos. Para 88% dos brasileiros, ser um bom pai é participar ativamente do cotidiano dos filhos. Enquanto 40% da audiência do YouTube de vídeos sobre cuidados com bebês é masculina.
Contradições
A combinação de atenção aos filhos com responsabilidade com as tarefas domésticas não é, no entanto, um consenso ente os brasileiros. Para apenas 34%, os homens também têm como tarefa o trabalho doméstico.
O pesquisador da PUC-SP ressalta que as contradições são ainda maiores. "Os números têm, por um lado, crescido. Os homens têm buscado mais, os canais de YouTube têm mais assinantes. Mas os números de violência continuam crescendo. O Brasil é o país que mais mata LGBTQ+, é o país em que uma mulher é assassinada a cada duas horas", afirma Fábio Mariano, sobre os fenômenos que atribui ao machismo, a masculinidade tóxica e a construção patriarcal da sociedade.
"Não adianta reconhecer e perpetuar. Você precisa avançar", acrescenta. Ele defende que deve haver um esforço coletivo para descontruir ideias e práticas ligadas à construção da identidade do que é ser homem, mas que são nocivas à sociedade. "Os homens precisam ser educados desde pequenos para comportamentos voltados à igualdade".
(com Agência Brasil)
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Brasileiros estão mais interessados em saber o que é 'machismo'
Google aponta crescimento de 263% na busca por esse tema
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