"Queremos ter a capacidade de, em qualquer lugar do país, em tempo real, saber quando se deu uma determinada ocorrência, e vamos caminhar cada vez mais nesse sentido.
Apesar do anúncio, o ministério informa que apenas oito estados repassam os dados sobre os boletins de ocorrência de forma regular ao Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp). Alguns, como o Pará e todos da região sudeste, incluindo o Rio de Janeiro, que está sob intervenção na área de segurança pública desde fevereiro, estão entre as unidades federativas que não atualizam as informações na base nacional de dados.
"Tem alguns estados que estão 100% integrados, outros estão a meio caminho da integração, e tem aqueles que não estão integrados porque não querem se integrar, porque o estado diz que determinada forma de registro não o favorece. Imagine um formulador de política pública de segurança pública trabalhar com essa realidade", aponta Raul Jungmann. Segundo o ministro, problema semelhante de falta de informações integradas se dá em relação ao sistema penitenciário. "Não é só um problema de que o estado não quer , é que ele tem, não digitalizou, não estruturou, não organizou", comenta.
O governo não detalhou o grau de integração dos dados por estado ao Sinesp, mas, segundo as informações apresentadas, os mais avançados até agora são Alagoas, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Rio Grande do Norte, Acre, Paraíba, Rondônia, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Distrito Federal. Segundo o novo secretário nacional de segurança pública, Flávio Basílio, umas das consequências práticas para os estados que não fornecerem dados da segurança será o bloqueio de repasses do Fundo Nacional de Segurança Pública.
Números
Ao longo dos últimos quatros meses, o ministério da Segurança Pública informa ter efetuado, por meio de ações da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança, a prisão em flagrante de mais de 13,2 mil pessoas e a apreensão de 834 armas.
Em termos de valores, as operações da PF, incluindo a Lava Jato, garantiram a apreensão de R$ 12,3 bilhões. Outros R$ 2,4 bilhões foram recursos apreendidos em ações de combate ao contrabando e o narcotráfico.
Raul Jungmann cita ainda duas operações integradas envolvendo órgãos de segurança federais e dos estados como referência para atuação conjunta das forças policiais. Uma delas é a Operação Luz da Infância II, que investigou um rede exploração sexual infantil no país. Somente nesta ação, que envolveu as polícias civis de 25 estados, foram presas 251 pessoas, cumpridos mais de 500 mandados de busca e apreensão em 284 cidades. A investigação analisou cerca de um milhão de arquivos e contou com trabalho prévio de inteligência do ministério recém criado.
"Isso tudo é um grande processo de consolidação de experiência para aquilo que vai se tornar o SUSP, para que a gente possa atuar de forma coordenada", afirma o ministro.
(com Agência Brasil).