Os dados fazem parte de um estudo elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e mostram que as diferenças entre meninos e meninas nada têm a ver com a capacidade intelectual de cada gênero. São construções sociais que começam desde cedo e são reforçadas na família e na escola que afastam as meninas dessas áreas.
Segundo Theophania Chavatzia, especialista da Seção de Educação para a Inclusão e Igualdade de Gênero da Unesco, se continuarmos "excluindo metade da população, isso significa que metade da produção e metade potencial não serão aproveitadas no futuro. Reconhecemos, cada vez mais, a importância da ciência e da tecnologia para os avanços e para as soluções dos problemas da nossa era", diz em entrevista para a Agência Brasil.
Os dados apresentados pelo estudo mostram ainda que, desde cedo, as meninas são afastadas dessas áreas. No Brasil, resultados do Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo, realizado pelo Laboratório Latino-americano de Avaliação da Qualidade da Educação, revelam que no 4º ano do ensino fundamental as meninas têm desempenho melhor que os meninos em Matemática, com uma diferença de pouco menos de 15 pontos. No 7º ano do ensino fundamental, o cenário é invertido, os meninos passam a ter desempenho melhor que o das meninas, com aproximadamente 15 pontos a mais.
"Sabemos que meninas perdem o interesse nessas áreas quando crescem porque os estereótipos de gênero ficam mais e mais fortes, fazendo com que elas tendam a não se identificar, a prestar mais atenção em outras aulas e a escolher outras carreiras", diz a pesquisadora da Unesco.
Diante desse cenário, Theophania diz que são necessárias políticas específicas para evitar que meninas se afastem da Ciência, da Tecnologia, da Engenharia e da Matemática. Em países em que as diferenças entre meninos e meninas não é significativa nessas áreas, elas têm, em Ciências, um desempenho três vezes melhor do que nos casos em que os meninos se destacam.
(com Agência Brasil).