"Em vários países, pesquisadores tentam descobrir como enfrentar o problema e uma das vertentes de estudo é o uso de suplementação com ácidos graxos ômega-3", comenta a química Maria Inês Harris, consultora da farmacêutica Biobalance.
Uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Medicina de Chongqing, na China, analisou 17 estudos envolvendo ômega-3 e sensibilidade à insulina, e descobriu que a suplementação com o ácido graxo de cadeia longa EPA e DHA pode beneficiar pessoas que apresentam problema de produção do hormônio que quebra a glicose (açúcar) no sangue, especialmente aquelas com sintomas de desordens metabólicas. Os 17 estudos analisados pelos cientistas envolveram um total de 672 participantes. A suplementação com ômega-3 conseguiu reduzir o risco de resistência à insulina em 47%.
Vale lembrar que a sensibilidade à insulina é uma medida da capacidade de resposta a esse hormônio: pouca sensibilidade à insulina está associada ao diabetes tipo 2 e à síndrome metabólica, que corresponde a uma série de doenças associadas, tais como obesidade (especialmente excesso de gordura abdominal), hipertensão arterial e colesterol alto.
Já um estudo realizado com camundongos na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que a suplementação com ômega-3 pode ajudar a prevenir problemas de saúde causados por dietas ricas em gordura, fator de risco para o diabetes. Parte dos animais recebeu o suplemento com o ácido graxo durante 12 semanas e, a partir da quarta semana, passaram a receber uma dieta com 59% de gordura. O grupo de controle se alimentou com 9% de gordura. As cobaias recebiam dois gramas de óleo de peixe por quilo corporal, três vezes por semana. Ao final do teste, os pesuqisadores da Unifesp descobriram que os camundongos que receberam a dieta com gordura sem o ômega-3 aumentou em 12 vezes o peso corporal e apresentaram intolerância à glicose, resistência à insulina e aumento nas taxas de glicemia em jejum.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a ingestão mínima de 1 a 2% das calorias diárias em forma de ácidos graxos insaturados, incluindo ômega-3 de cadeia longa (EPA e DHA). Este nutriente é comumente encontrado em peixes de água fria, como salmão, sardinha e atum, e em algumas sementes, como linhaça e chia.
"No dia a dia, acabamos ingerindo grande quantidade de ômega-6, principalmente pelo consumo de óleos vegetais como soja e oliva. Essa desproporção entre os ômegas 3 e 6 leva o organismo a um status de quadro inflamatório crônico. A ingestão de grandes quantidades de peixes como salmão ou atum, por exemplo, fornece ômega-3 em uma quantidade considerável, mas também fornece ômega-6, de forma que, para retomar o equilíbrio entre os dois tipos de ácidos graxos, faz-se realmente necessária a ingestão de ômega-3 na forma de suplemento purificado contendo apenas EPA e DHA", orienta Maria Inês Harris..