Estado de Minas SAÚDE

Preconceito ainda atrapalha diagnóstico de câncer que afeta os homens

Exame de toque retal, por exemplo, ainda é um tabu para o público masculino


postado em 12/07/2018 12:45 / atualizado em 12/07/2018 13:12

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Apesar de ser uma das doenças mais mortais da atualidade, o câncer ainda é muito negligenciado pelo público masculino, seja por desatenção, seja por preconceito. É o caso do tumor que atinge a próstata. Uma pesquisa realizada em 2017 pelo Datafolha, a pedido da Sociedade Brasileira de Urologia, mostra que 21% dos homens acreditam que o exame de toque retal (verifica possíveis nódulos na próstata) "não é coisa de homem". Considerando aqueles com mais de 60 anos, considerado o grupo de risco da doença, 38% disseram não achar o procedimento relevante.

O problema é que, no Brasil, justamente o câncer de próstata, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), é o segundo mais comum entre os homens, devendo gerar 68 mil novos casos entre 2018 e 2019, perdendo apenas para o tumor de pele não melanoma.

"Para um diagnóstico precoce é recomendável que homens a partir de 50 anos [45 em caso de histórico familiar] façam exame clínico [toque retal] e o teste de antígeno prostático específico [PSA] anualmente para rastrear o aparecimento da doença", orienta o oncologista Andrey Soares, do Centro Paulista de Oncologia, de São Paulo (SP).

Os principais sintomas do câncer de próstata podem ser semelhantes ao crescimento benigno da glândula, tendo como características a dificuldade para urinar seguida de dor e/ou ardor; gotejamento prolongado no final; frequência urinária aumentada durante o dia ou à noite. Quando a doença já está em fase mais avançada, pode ocorrer a presença de sangue no sêmen; impotência sexual; além de outros desconfortos decorrentes da metástase (tumor se espalha) em outros órgãos.

O tratamento depende do estágio e da agressividade do câncer de próstata. Em casos iniciais e menos agressivos, o acompanhamento vigilante com consultas e exames periódicos deve ser discutido com o paciente, uma vez que é possível poupar os mesmos de algumas toxicidades que o tratamento causa. Em outros estágios, cirurgia, radioterapia (associada ou não a bloqueio hormonal) e braquiterapia (radioterapia interna) podem ser realizadas com boas taxas de resposta. "Após realizarem a cirurgia, em alguns casos é necessário realizar o procedimento de radioterapia pós-operatória para a diminuição do risco de recidiva da doença", afirma o especialista.

Testículo

Apesar de mais raro, outro tipo de câncer que afeta os homens e que merece a atenção é o tumor testicular. Se diagnosticado em fase inicial, o tratamento desse cancro supera a marca dos 90% de chance de sucesso, mas ainda esbarra no preconceito.

Responsável por cerca de 5% do total de casos de tumores malignos na população masculina, de acordo com o Inca, o câncer de testículo afeta de forma mais frequente homens com idades entre 15 e 50 anos. "Os sintomas mais comuns são aumento do testículo e/ou dor. É muito comum que os homens o descubram no banho, durante a higiene, por isso, o autoexame da área é a melhor forma de garantir uma possível detecção precoce de qualquer alteração", comenta Andrey Soares.

O tumor testicular é mais comum em indivíduos que sofreram traumatismos na região, o que aumenta o risco de incidência entre atletas. Crianças que tiveram criptorquidia, disfunção congênita em que o testículo nasce dentro do corpo, ou seja, fora de posição normal, também estão entre o grupo que tem maior chance de desenvolver o cancro e devem ficar atentos a qualquer alteração no testículo.

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