Um tônico capilar desenvolvido pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanobiofarmacêutica, que reúne pesquisadores da UFMG, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), da Universidade Federal de Ubserlândia (UFU) e do Centro Universitário Unibh, que tem efeito comprovado cientificamente contra queda de cabelo, começou a ser comercializado no Brasil. A substância foi licenciada pela empresa Alamantec, sediada no Parque Tecnológico BH-Tec,de Belo Horizonte (MG), e está sendo produzida e comercializada pela Yeva Cosmétiques, de Itaúna (MG).
O estudo que levou ao produto foi liderado pelos professores Robson Santos e Frédéric Frézard, do departamento de Fisiologia e Biofísica da UFMG. Classificado como cosmecêutico, isto é, cosmético que contém substâncias bioativas, o tônico Sanctio tem como diferencial o uso de nanotecnologia que permite o "carregamento" do principio ativo até a pele e, consequentemente, até o bulbo capilar.
Diferentemente dos outros tratamentos antiqueda, o produto utiliza componentes existentes no organismo humano, o que garante sua aceitação pelo corpo. "Sua forma de ação reúne três propriedades: aumenta a circulação sanguínea local e, com isso, o aporte de nutrientes no bulbo capilar, impede a morte das células responsáveis pelo crescimento do fio, e apresenta ação antioxidante, o que retarda a queda e melhora a qualidade dos fios", explica Robson Santos, em entrevista para o site da UFMG.
Além disso, por ser de uso tópico e formulação endógena (do organismo humano), o Sanctio não causa efeitos colaterais comuns aos tratamentos de calvície, como a disfunção erétil e a irritação local. O produto também pode ser usado para prevenir queda de cabelo e promover o crescimento dos fios após tratamentos de quimioterapia, segundo informações dos cientistas envolvidos. Robson destaca ainda que o resultado não é imediato, sendo observado cerca de três meses após o início do uso.
Testes clínicos
A nanotecnologia envolvida na formulação do novo tônico capilar consiste em vesículas lipídicas (bolsas de gordura) que são ultradeformáveis, o que permite que elas atravessem o estrato córneo, camada mais externa e menos permeável da pele. "As vesículas carregam o princípio ativo e promovem sua absorção pela derme. Esta é uma das principais propriedades do veículo nanoestruturado", explica o pesquisador Frédéric Frézard. As vesículas lipídicas também têm a capacidade de se acumular no bulbo capilar e, com isso, depositar o princípio ativo para que ele exerça suas ações.
Segundo Frézard, o ensaio clínico com duração de 90 dias envolveu 60 voluntários que apresentavam alopécia (perda de cabelo) e permitiu a avaliação da eficácia e da segurança dermatológica da nova tecnologia. Os testes demonstraram que ocorre manutenção dos fios na fase anágena (de crescimento do cabelo) e a prevenção da queda. "Comparando com o grupo de voluntários que usou placebo, houve comprovação científica da eficácia", reforça o professor da UFMG.
"Também foram avaliados efeitos irritante e alergênico do produto, bem como efeitos fotoirritante e fotossensibilizador [reações à luz], que demonstraram segurança dermatológica", enfatiza o pesquisador. O produto pode ser usado por homens e mulheres, de preferência no início do sintoma de queda capilar. "Quanto mais tempo passa, mais avançado é o estado da fibrose capilar e mais difícil de tornar o processo reversível", alerta Frédéric Frézard.
(com Cedecom da UFMG)
BEM-ESTAR
Tônico para queda de cabelo criado na UFMG já está sendo produzido
O novo produto usa nanotecnologia e tem eficiência comprovada
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