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Correios diz que taxa de R$ 15 é para cobrir manuseio de mais de 200 mil encomendas por dia

O despacho postal deve levar à arrecadação média de R$ 90 milhões por mês


postado em 30/08/2018 08:44 / atualizado em 30/08/2018 08:38

(foto: Correios/Divulgação)
(foto: Correios/Divulgação)
Segundo Carlos Roberto Fortner, presidente dos Correios, a cobrança de R$ 15 por encomenda internacional enviada ao Brasil pode gerar aos cofres da estatal entre R$ 1,5 milhão e R$ 4,5 milhão por dia. Com o aumento das compras em sites e empresas do exterior, o volume de mercadorias que os Correios recebe cresceu de forma inesperada, de acordo com Fortner, variando entre 100 mil e 300 mil objetos por dia.

Considerados esses números e um mês com 20 dias úteis, o aporte de recursos financeiros com o início da cobrança do despacho postal pode chegar a R$ 90 milhões mensais. Valor que o presidente da estatal assegura que a empresa investirá na melhoria do serviço prestado aos clientes.

"O valor arrecadado com a cobrança será destinado a custear a estrutura necessária ao desembaraço alfandegário, um custo que estava sendo embutido em outros serviços", afirma Carlos Fortnet em entrevista coletiva sobre o pagamento do despacho postal realizada na segunda, dia 27 de agosto.

Antes, o serviço era cobrado apenas de objetos tributados pela Receita Federal e que representam cerca de 3% do volume total de mercadorias importadas recebidas pelos Correios, o que não chega a alterar a expectativa média de faturamento com a cobrança.

O que pode, sim, afetar os resultados, segundo a estatal, é um eventual aumento no percentual de mercadorias devolvidas por consumidores que, eventualmente, desistam de retirar os produtos comprados para não ter de pagar os R$ 15. Nestes casos, os objetos são devolvidos aos exportadores com custos de manuseio, estocagem e envio pagos pelo Correios.

"Com a reorganização, a qualidade dos serviços é melhorada e a velocidade do desembaraço alfandegário e da entrega das mercadorias passa a ser mais rápida", assegura o presidente da empresa. Segundo ele, a cobrança do despacho postal já é uma prática comum em outros países e o valor estabelecido pelos Correios é, em média, quatro vezes menor que os cobrados por empresas privadas que atuam no Brasil neste mesmo segmento.

"Como o volume de encomendas era pequeno, os custos estavam diluídos pelo restante das operações. Com o crescimento da quantidade de objetos importados, foi necessário organizar serviços complementares e reorganizar o serviço de maneira a lhe dar maior transparência e permitir que cada cliente pague apenas aquilo que tem que pagar", acrescenta Carlos Fortner.

Entre 2016 e 2017, diz o presidente dos Correios, o volume de mercadorias importadas recebidas pela estatal cresceu cerca de 80%. Mesmo com a alta do dólar, até junho deste ano a empresa já registrava um novo acréscimo do volume de serviço, da ordem de 32%.

Liberação de encomendas

Segundo a área técnica dos Correios, em 2017 a empresa recebeu, em média, 189 mil encomendas importadas por dia. Já no primeiro semestre deste ano, foram 242 mil objetos diariamente. Toda essa mercadoria tem que ser separada, estocada e inspecionada por servidores que dão suporte ao desembaraço alfandegário.

Quando necessário, a estatal ainda tem de providenciar o tratamento adequado a objetos cuja importação é proibida ou que ofereçam algum tipo de risco fitossanitário; recolher e repassar à Receita Federal eventuais tributos de importação não pagos; e, por fim, avisar os destinatários sobre a presença dos objetos.

"É um serviço que precisa ser remunerado, que não podemos oferecer de graça, pois precisamos ter sustentabilidade econômico-financeira", pondera Fortner.

Quem está aguardando encomendas do exterior, deve acessar o sistema de rastreamento de objetos e, se necessário, realizar o pagamento do despacho postal por meio de boleto ou cartão de crédito. O prazo de entrega do objeto, conforme o serviço contratado no momento da compra, passa a contar a partir da data da confirmação do pagamento. As informações e orientações sobre os procedimentos de importação estão disponíveis no site dos Correios.

Ação contrária

Apesar das justificativas, o início da cobrança motivou usuários do portal e-Cidadania, do Senado Federal, a apresentarem ao menos quatro propostas de revogação da cobrança da taxa. Uma delas já conta com o apoio de mais de 21 mil internautas cadastrados no portal.

Ao alcançar mais de 20 mil apoios antes do dia 26 de dezembro, a sugestão passa a ser encaminhada à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), responsável por, confirmada a legalidade das ideias legislativas apresentadas por cidadãos, transformá-las em sugestões legislativas para que sejam debatidas pelos senadores.

(com Agência Brasil)

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