Revista Encontro

Saúde

Estudo associa quantidade de ruga à morte por doença cardíaca

Marcas de expressão seriam fator de risco para doenças cardiovasculares

João Paulo Martins
Segundo uma pesquisa apresentada no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia (European Society of Cardiology), no dia 26 de agosto, em Munique, na Alemanha, pessoas que têm muitas rugas profundas na testa, mais do que o normal para a idade, podem apresentar maior risco de morrer de alguma doença cardiovascular.

"Você não pode ver ou sentir fatores de risco como colesterol alto ou hipertensão", comenta Yolande Esquirol, professor associado do Centro Hospitalar Universitário de Toulouse, na França, autor do estudo, em entrevista para o site Medical Xpress.
"Nós analisamos as rugas da testa como um marcador porque é simples e fácil de ver. Apenas o ato de olhar para o rosto de uma pessoa pode ser como um alarme", completa o cientista.

Claro que é preciso incluir mudanças no estilo de vida, como fazer mais exercícios ou comer alimentos mais saudáveis, para quem tem propensão a problemas cardíacos. "Se uma pessoa tem risco cardiovascular, é preciso verificar fatores de risco clássicos, como pressão arterial, lipídios e glicose no sangue", afirma Esquirol.

O risco de doença do coração aumenta à medida que as pessoas envelhecem, mas o estilo de vida e as intervenções médicas podem mitigar o perigo. O desafio está justamente em identificar pacientes de alto risco com antecedência suficiente para que as mudanças possam dar resultado.

Segundo os autores do estudo, pesquisas anteriores analisaram diferentes sinais visíveis de envelhecimento para ver se eles poderiam indicar problemas cardiovasculares. Os famosos pés-de-galinha, por exemplo, não apresentavam relação com doenças do coração, mas as pequenas rugas próximas aos olhos são consequência não apenas da idade, mas também do movimento facial. Já a calvície masculina, os vincos do lóbulo da orelha e o xantelasma (bolsas de colesterol sob a pele) foram associados ao risco aumentado de problemas cardíacos, mas não a ponto de causar morte.

Na pesquisa atual, foram avaliadas as rugas horizontais da testa de um grupo de 3,2 mil adultos. Os participantes, que eram todos saudáveis %u200B%u200Be tinham 32, 42, 52 e 62 anos de idade no início do estudo.
Os cientistas atribuíram pontuações dependendo do número e da profundidade dessas rugas. Zero ponto significava ausência de rugas, enquanto uma pontuação de três significava "numerosas rugas profundas".

Os participantes foram acompanhados por 20 anos, período em que 233 morreram de várias causas. Destes, 15,2% receberam dois ou três pontos; 6,6% apresentavam rugas de um ponto; e 2,1% não apresentavam rugas.

Os autores descobriram que as pessoas com pontuação alta de rugas tinham um risco ligeiramente maior de morrer de doença cardiovascular do que as que não apresentavam as marcas no rosto. Aqueles que possuíam rugas de dois e três pontos tiveram quase 10 vezes maior risco de morrer em comparação com pessoas que foram pontuadas como zero – isso após levar em conta idade, sexo, educação, tabagismo, pressão arterial, freqüência cardíaca, diabetes e níveis lipídicos.

"Quanto maior a pontuação de rugas, mais aumenta o risco de mortalidade cardiovascular", alerta Yolande Esquirol.

Os pesquisadores ainda não sabem o motivo da relação, que persistiu mesmo quando fatores como estresse no trabalho foram levados em conta, mas acreditam que isso pode ter a ver com a aterosclerose, ou o endurecimento das artérias devido ao acúmulo de placas de gordura. Esse problema é um dos principais causadires de ataques cardíacos e outros eventos cardiovasculares..