Estado de Minas CIÊNCIA

Incluir insetos na dieta pode ajudar o intestino

Estudo comprova a ação benéfica dos bichinhos para nosso organismo


postado em 08/08/2018 15:42 / atualizado em 08/08/2018 16:05

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Apesar de parecer uma prática nojenta, o hábito de comer insetos pode ajudar no funcionamento do intestino. Isso segundo pesquisa feita nos Estados Unidos. Os cientistas analisaram uma série de voluntários que ingeriram os bichinhos durante duas semanas e detectaram melhora na microbiota intestinal e em fatores que contribuem para o combate à inflamação. Os resultados foram publicados na revista científica Scientific Reports.

Segundo a pesquisadora Valerie Stull, da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA) e principal autora do estudo, mais dois bilhões de pessoas no mundo consomem regularmente insetos. Ela lembra que esses animais são uma boa fonte de proteínas, vitaminas, minerais e gorduras saudáveis. "Há muito interesse em insetos comestíveis atualmente. Isso está ganhando força na Europa e nos Estados Unidos como uma fonte de proteína sustentável e ecológica, em comparação à pecuária tradicional", diz a cientista, em comunicado enviado à imprensa.

No estudo, 20 homens e mulheres saudáveis, com idades entre 18 e 48 anos, foram divididos em dois grupos, um com café da manhã tradicional e o outro com refeição que incluía 25 g de farinha de grilo, adicionada à massa de muffins e bebidas batidas. Os pesquisadores coletaram amostras de sangue e de fezes dos voluntários e analisaram respostas a questionários gastrintestinais em três etapas da pesquisa: no começo, durante a intervenção alimentar e depois dela.

Os resultados mostraram que aqueles que consumiram a farinha de inseto como ingrediente provocou redução, no sangue, da proteína inflamatória TNF-alfa, que tem sido associada à depressão e ao câncer. Além disso, houve aumento na abundância de bactérias benéficas ao intestino, como a Bifidobacterium animalis, uma cepa que tem sido associada à melhora da função gastrointestinal. "Com o que sabemos sobre a microbiota intestinal e sua relação com a saúde humana, é importante estabelecer novos alimentos que possam afetar as populações microbianas do intestino. Descobrimos que o consumo de grilos pode realmente oferecer benefícios além da nutrição", comenta Valerie.

A cientista lembra que grilos e outros insetos contêm fibras, como a quitina, que são diferentes das encontradas em frutas e vegetais e promovem o crescimento de bactérias benéficas. Apesar dos resultados, a especialista explica que mais investigações são necessárias para reforçar a conclusão do estudo. "Esse pequeno trabalho mostra que é um tema que vale a pena ser aprofundado, já que os insetos também são uma fonte de alimento extremamente sustentável", diz.

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