Revista Encontro

Saúde

Luz azul de celular, tablet e PC pode afetar a visão a longo prazo

Esse tipo de iluminação pode causar degeneração macular relacionada à idade

Da redação com assessorias
Muitas pessoas ficaram preocupadas após a divulgação de um estudo recente divulgado pela Universidade de Toledo, nos Estados Unidos.
Segundo os cientistas, a luz azul emitida por aparelhos com telas iluminadas, como smartphones e tablets, seria capaz de impactar os fotorreceptores existentes em nossos olhos, levando à degeneração macular relacionada à idade – doença incurável que pode causar a perda da visão central.

"Estamos sendo expostos à luz azul continuamente, e a córnea e a lente do olho não conseguem bloquear ou refletir', comenta o pesquisador Ajith Karunarathne, do departamento de Química e Bioquímica da Universidade de Toledo, em comunicado enviado à imprensa. "Não é nenhum segredo que a luz azul prejudica nossa visão ao danificar a retina do olho. Nossos experimentos explicam como isso acontece, e esperamos que leve a terapias que retardam a degeneração macular, como um novo tipo de colírio", completa o especialista.

Uma forma de tratar o problema, segundo os cientistas, seria por meio do uso de alfa-tocoferol, uma molécula derivada da vitamina E. A substância é capaz de prevenir a morte das células fotorreceptoras, que foram objeto do estudo americano.

Segundo o oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, de São Paulo (SP), a luz azul violeta visível presente nos dispositivos eletrônicos com tela pode, sim, ser bem agressiva aos olhos, mesmo é menos grave do que a luz ultravioleta emitida pelo Sol.

"As crianças são as mais vulneráveis à emissão de luz azul violeta, porque têm acesso a todos os dispositivos tecnológicos e já os incorporaram à rotina, inclusive durante os estudos. Como seus olhos estão ainda em desenvolvimento, eles não têm pigmentos que ajudam a filtrar uma parte dessa luz. Mas isso não quer dizer que os adultos não estão correndo risco, especialmente aqueles que estão sempre conectados com todas as novidades tecnológicas. O ideal, em todos os casos, seria limitar a exposição diária a essa emissão luminosa, principalmente antes de ir para a cama", afirma o médico.
A exposição constante à luz azul dos dispositivos eletrônicos pode causar a degeneração na mácula, tecido que fica no fundo do olho e é responsável por capturar as imagens - Foto: Wikimedia/Reprodução
Estudos já haviam descoebrto que a exposição à luz azul por algumas horas, especialmente antes de dormir, acaba suprimindo a melatonina, que é um dos hormônios do sono, dificultando a chegada do sono profundo e reparador.
Por isso, quem quer acordar com mais disposição para estudar e trabalhar deveria limitar o tempo de uso de celular, tablet e computador.

Ainda de acordo com o oftalmologista, o primeiro problema para quem passa muitas horas por dia diante desses dispositivos é uma redução significativa na produção de lágrimas. Com o tempo, a visão fica estressada. Ou seja, mesmo que temporariamente, a pessoa percebe imagens com pouca definição, meio sem foco e borradas, resultado da pouca lubrificação ocular. Além disso, episódios de dor de cabeça e enxaqueca podem se tornar mais frequentes.

O especialista lembra que o problema pode se tornar crônico se não for tratado. "No longo prazo, a exposição à luz azul violeta pode resultar em risco aumentado para degeneração macular relacionada à idade e catarata. Isso porque no centro da retina está a mácula, um tecido sensível à luz situado bem no fundo do olho", explica Renato Neves.

As células que compõem a mácula não têm capacidade de regeneração. Sendo assim, passar tanto tempo exposto a ambientes com luz artificial em espiral e equipamentos que emitem luz azul violeta acelera os danos a essas células, levando à perda gradual da visão.

Uma opção para quem usa muito os dispositivos com telas que emitem luz azul é o uso do recurso intitulado "night shift", que ajusta a temperatura da cor da tela dos aparelhos. Ele foi implantado justamente depois que um estudo demonstrou o quanto o uso de smartphones e tablets pode causar problemas de insônia em usuários. Sendo assim, ao acionar o recurso, a tela filtra a cor prejudicial, não comprometendo o sono e a mácula.

Além disso, óculos de grau com lentes mais modernas já contam com tecnologia para filtrar a luz azul violeta. "Além de melhorar o contraste, as lentes que filtram a luz azul ajudam a relaxar os olhos e impedem que o sono seja prejudicado", afirma o médico..