Os dados monstram outras percepções errôneas: 42% das pessoas que conhecem a doença acreditam que ela esteja relacionada com pessoas acima dos 60 anos; e 32% associam a doenças fatais. Dor de cabeça constante e problemas de memória foram citados também como sintomas recorrentes da esclerose múltipla.
De acordo com o neurologista Jefferson Becker, presidente do Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla e Doenças Neuroimunológicas, a falta de informação é uma das dificuldades do correto diagnótico da doença, que chega a demorar sete anos para ser descoberta pelo paciente. "As pessoas acreditam que a esclerose é relacionada ao envelhecimento ou a alguma doença genética, que traz consequências muitos graves ou fatais. Esse desconhecimento faz com que aquelas que sentem os verdadeiros sintomas, como fadiga e comprometimento da coordenação motora, não busquem ajuda de um especialista", comenta o especialista.
A pesquisa também descobriu que a falta de cuidado com a saúde pode ser um dificultador para o diagnóstico. O Datafolha apurou que 71% dos mineiros nunca foram ao neurologista, especialidade referência para o diagnóstico certeiro. Comparada a outras capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo, BH é a que menos visita esse tipo de profissional.
Conforme Jefferson Becker, um ponto delicado da esclerose múltipla é que os sintomas não são constantes.
Recenemente, a condição ganhou visibilidade no Brasil depois que a atriz e humorista Cláudia Rodrigues, de 47 anos, se declarou vítima da esclerose. Ela já foi internada várias vezes devido às "recaídas" do problema, que não tem cura, nem prevenção. Porém, existem tratamentos eficazes no retardo da evolução da doença e na redução do número de surtos. Alguns medicamentos mais recentes já atuam diretamente no cérebro, reduzindo o grau de atrofia do órgão..