Os cientistas descobriram ainda que, em comparação com analgésicos como paracetamol, ibuprofeno e naproxeno, o risco de quem usa diclofenaco adquirir alguma condição maligna no sistema cardíaco aumenta de 20% a 30%. Esse tipo de remédio também está associado ao risco de sangramento intestinal.
A pesquisa investigou dados de mais de seis milhões de pessoas, e que foram coletados entre os anos de 1995 e 2016 pelo governo da Dinamarca. O país mantém registro de todas as compras de medicamentos vendidos com prescrição médica ou que sejam relevantes para o sistema público de saúde. Pessoas que já sofriam com alguma doença circulatória, como trombose e angina, foram excluídas do estudo.
Ao longo de 21 anos de dados, foram encontrados 1.465 pacientes que sofreram algum problema cardíaco grave associado ao uso de diclofenaco e 898 que tiveram as mesmas condições, mas que não usaram nenhum anti-inflamatório.
Conforme os cientistas dinamarqueses, a possível explicação para os efeitos negativos no sistema cardiovascular seria devido ao bloqueio de enzimas provocado pelo fármaco – justamente o que leva à ação analgésica e anti-inflamatória. Ao inibir a ação da ciclo-oxigenase 2, o diclofenaco também interrompe momentaneamente a ciclo-oxigenase 1, que, por consequência, favorece a atividade da molécula chamada tromboxano A2, conhecida por induzir o aparecimento dos trombos (coágulos) nos vasos sanguíneos.
Em nota enviada à imprensa, a farmacêutica Novartis, que fabrica anti-inflamatórios famsoso como Cataflam e Voltaren, afirma que o diclofenaco, em todas suas apresentações e composições, exige prescrição médica e "somente um profissional habilitado poderá discernir corretamente sobre a necessidade da indicação do medicamento para o paciente".
A empresa lembra ainda que a possível incidência de eventos cardiovasculares em pessoas com predisposição é indicada na bula dos medicamentos..