Estado de Minas COMPORTAMENTO

Muitos idosos estão consumindo maconha

Isso segundo estudo feito nos Estados Unidos


postado em 10/09/2018 17:42 / atualizado em 10/09/2018 17:32

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Um levantamento feito pela Faculdade de Medicina da Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, mostra que o consumo de maconha está crescendo entre as pessoas com mais de 65 anos. Também houve aumento na faixa dos 50 aos 64, diz a pesquisa, que foi publicada na revista científica Drug and Alcohol Dependence.

Os dados, que foram coletados entre 2015 e 2016, indicam que 3% dos idosos relataram o uso da maconha no ano anterior. Isso representa um consumo sete vezes maior em comparação com um estudo semelhante feito com adultos dessa faixa etária em 2006 e 2007. Já na população de 50 a 64 anos, o aumento em relação ao levantamento de uma década atrás foi de mais de 100%. De acordo com Benjamin Han, professor do departamento de Medicina Geriátrica da Universidade de Nova Iorque, um dos autores do estudo, a continuidade no consumo da maconha é um reflexo das mudanças culturais que marcaram as pessoas que foram adolescentes ou jovens nas décadas de 1960 e 1970.

"Nós vivemos agora uma época de mudanças de atitude em relação à maconha. À medida que o estigma declina e o acesso aumenta, com o uso recreacional sendo liberado em alguns estados americanos, parece que os baby boomers [nascidos no pós Segunda Guerra] a estão consumindo mais. Essa geração cresceu em um período de revoluções culturais significativas, o que inclui a popularidade da maconha nos anos 1960 e 1970", afirma o pesquisador, em comunicado enviado à imprensa.

No Brasil, não existem pesquisas epidemiológicas sobre uso de drogas ilícitas na terceira idade, mas estudos menores revelam que essa também é uma realidade por aqui. Um desses trabalhos, que avaliou 191 idosos atendidos nos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas de Ribeirão Preto (SP), por exemplo, mostra que, entre eles, as substâncias mais consumidas, além do álcool, eram maconha, cocaína e crack.

Regularidade

No trabalho americano foram analisadas as respostas de 17.608 pessoas com mais de 50 anos, que participaram da Pesquisa Nacional Sobre Uso de Drogas e Saúde de 2015-2016. Elas foram questionadas sobre o uso de maconha, incluindo se haviam feito isso no ano anterior. Enquanto 54,5% dos voluntários com idade variando de 50 a 64 anos admitiram ter fumado em algum momento da vida, esse percentual foi de 22,4% na faixa dos mais de 65. Os pesquisadores esclarecem, porém, que isso não significa que os entrevistados desde então vêm consumindo maconha regularmente.

Para a psiquiatra Helena Moura, especialista em dependência química e psicogeriatra, os resultados apontam para a necessidade de mais pesquisas sobre uso de drogas entre os baby boomers. "Não há quase nada sobre isso, e se trata de uma geração com um perfil cultural diferente da anterior. O que é preocupante é que não sabemos os efeitos da maconha no organismo dos idosos. Por exemplo, pode ter uma consequência negativa na mobilidade, aumentando o risco de queda? Ou uma consequência sobre a concentração e a memória?", diz a psiquiatra em entrevista para o jornal Correio Braziliense.

A médica destaca ainda que a maioria da população acima dos 50 anos toma uma série de remédios que podem sofrer interferência da maconha. "É importante perder o preconceito e não deixar de perguntar ao idoso se ele faz uso de drogas", alerta.

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