
Na fila, que se forma em horários diversos, as pessoas esperam para encher vasilhames com água que brota da parede de um imóvel. Um mosaico colorido, idealizado pela arquiteta Maria Beatriz Boncompagni de Castro e executado pelos mosaicistas Breno de Jesus dos Santos e Rubens Gomes de Souza, da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), decora a "biquinha" d'água, canalizada há décadas. Algumas pessoas chegam a pegar até 100 litros do pRecioso líquido de uma só vez. Certamente, o fato de a água ser de graça atrai muita gente, mas há quem diga que ela funciona até como remédio.
Na verdade, não há estudo ou comprovação científica sobre os poderes "milagrosos" dessa mina d'água. Há, no entanto, a garantia de que mal ela não faz. De acordo com Carlos Augusto Cardoso, gerente distrital da Vigilância Sanitária Leste, a água da biquinha pode ser bebida, sim. "A gerência faz somente a análise microbiológica, ou seja, analisa se está contaminada. Podemos dizer que é própria para o consumo e a principal diferença é que não contém cloro, pois é uma água mineral", afirma o representante da PBH.
Essa atração curiosa do Sagrada Família existe há muito tempo. Há quem diga que toma dessa água há mais de 70 anos. Aliás, no passado, a população se mobilizou para que ela não fosse destruída. Segundo o aposentado Dario de Oliveira, os moradores conseguiram que ela fosse mantida na época da canalização da avenida Petrolina. "Todo mundo pega água aqui. Além do pessoal do bairro, vem gente de longe. Se acabar com a bica, todos ficarão tristes", comenta o morador.
Tem até gente lucrando com essa atração especial. Daniel Diniz é dono de uma papelaria e sai ganhando com o movimento de pessoas de outros bairros e cidades. "As pessoas vêm buscar água, acabam comprando por aqui e movimentando o comércio da região", explica.
*Publicado originalmente em 14/05/2015