De acordo com o meteorologista Heriberto dos Anjos, do Centro de Climatologia da PUC Minas (TempoClima), a "hipótese" de que há um aumento na sensação de calor, sobretudo nas regiões metropolitanas, está confirmada. No caso de Belo Horizonte, por exemplo, ele cita, como as principais causas da elevação da temperatura, o grande número de prédios, o aumento das áreas asfaltadas e a consequente diminuição da vegetação. "As cidades estão em constante mudança, principalmente no que diz respeito ao uso e ocupação do solo. E isso influencia diretamente as condições do tempo", comenta o especialista.
Quem mora na capital mineira percebe que cada vez mais empreendimentos de grande porte são construídos na cidade, sobretudo em regiões próximas à Serra do Curral, em bairros como Belvedere e Vila da Serra. A impressão que se tem é que essas construções formam uma espécie de barreira, que impede a chegada de ventos para BH e, consequentemente, leva ao aumento do calor. Mas, será que isso faz sentido?
"De certa forma, sim.
Outros fatores
Além das construções, do excesso de asfalto e da degradação das áreas verdes, Heriberto dos Anjos ressalta que existem outros fatores que também são fundamentais para que ocorram mudanças na sensação térmica. Entre eles estão os fenômenos conhecidos como El Niño e La Niña – que são caracterizados pelo aquecimento ou resfriamento das águas do oceano Pacífico, nas proximidades da América Central.
Outro fator é o comportamento do Sol, que também pode influenciar o tempo em todo o planeta, de acordo com Heriberto dos Anjos. "O Sol possui ciclos de atividade de, mais ou menos, 11 anos. Nos períodos em que ele está mais ativo, surgem as chamadas manchas solares, que proporcionam maior calor. Por outro lado, em períodos de menor atividade, as manchas solares diminuem e o calor é menor", explica o meteorologista.
*Publicado originalmente em 24/01/2017.