O que é a língua de sinais
A língua de sinais tem mais de 300 variantes no mundo e caracteriza-se por gestos e expressões faciais que representam os pensamentos e as expressões da pessoa surda. Ou seja, é a forma como se manifestam, como geram opiniões e como aprendem. Muito mais do que uma língua, é uma forma de expressão.
No Brasil, existem mais de 10 milhões de surdos (5% da população geral brasileira) que dependem da língua de sinais para se comunicarem. A língua de sinais oficial brasileira é a Libras e é composta por mais de 14.500 sinais que podem ser encontrados no dicionário oficial de Libras. A língua caracteriza-se por ter sua própria regra gramatical, diferenciando-se do Português e sendo uma língua mais direta e flexível.
Para ajudar a compreender mais sobre o papel da linguagem dos sinais na comunidade surda e porque ela é importante, é necessário entender mais sobre a própria surdez.
O que caracteriza a surdez?
A surdez pode ser adquirida com o avanço da idade, traumas e ferimentos, doenças que comprometem a audição ou ao nascer (congênita) e pode afetar um ou ambos os ouvidos.
A perda auditiva pode ser de diferentes graus: leve, moderada, severa e profunda.
- Leve: Atinge até 40 decibéis e não altera a fala, porém a pessoa tem dificuldades de entender tudo que é dito em uma conversa.
- Moderada: É a perda entre 40 e 70 decibéis. Este grau apresenta dificuldade na linguagem e pode necessitar leitura labial para entendimento do que está sendo dito.
- Severa: Perda de 70 a 90 decibéis e a pessoa não escuta nenhuma voz e alguns sons são pouco percebidos.
- Profunda: Perda auditiva superior a 90 decibéis. Os sons são pouquíssimos percebidos.
O otorrinolaringologista é o médico especialista em examinar e diagnosticar condições como a surdez. Os sintomas da surdez podem ser variados pois dependem do grau de perda auditiva. O diagnóstico é feito a partir da audiometria, um exame que mede a quantidade de decibéis que a pessoa escuta. Com os resultados do exame, o médico pode indicar o melhor tratamento, seja por limpeza auricular, cirurgia ou aparelhos auditivos, dependendo do grau.
Surdez e a saúde
Uma das grandes dificuldades da comunidade surda é o acesso à saúde, pois a comunicação com profissionais da área é ainda restrita. Por não ser vastamente dissipada entre os não surdos, o diagnóstico e tratamento realizados com conversas verbalizadas muitas vezes são ineficazes pois a comunicação através da fala ou leitura labial torna-se uma barreira e a necessidade de intérprete faz-se presente.
Um outro aspecto importante em relação às pessoas surdas, é o efeito da perda auditiva na saúde emocional de cada um. Tanto crianças como adultos surdos apresentam sinais de depressão e ansiedade conforme a surdez se desenvolve ou se estabelece. Muitos se afastam do convívio social por se sentirem excluídos e incapazes de expressar suas emoções e opiniões. O apoio da família é de extrema importância e o psicólogo tem um papel fundamental em aconselhar e ajudar tanto a família como a pessoa surda a ver a condição com outros olhos.
Libras e a educação
Nem todos os surdos sabem a linguagem dos sinais. Libras é uma língua que foi oficializada só em 1995 e está ainda em crescimento. Alguns surdos optam pela leitura labial e não utilizam a Libras. Porém, para os que optam pela linguagem dos sinais, hoje em dia, todas as regiões do Brasil já possuem, pelo menos, uma Faculdade de Letras-LIBRAS. Algumas universidades (como a UNIR, UNIFAP, e a UFCA) e até prefeituras disponibilizam material online para entender e aprender o alfabeto e os gestos em Libras.
O surdo e a sociedade
Ainda estamos muito longe de uma sociedade igualitária para os surdos, por isso fazem-se necessárias as campanhas de conscientização. Para que a inclusão ocorra, é necessário que os ouvintes se informem, estimulem a participação e dêem chances da pessoa surda se expressar. Ou seja, empatia. Principalmente na fase de crescimento e aprendizado, quando as crianças começam a interagir e a entender o meio externo.
Dessa forma, é de extrema necessidade a compreensão do surdo a partir de construções histórico-sociais, simbólicas e culturais para que a inclusão ocorra. Tanto na educação quanto na saúde, há muito que avançar em termos de aceitação e distribuição de assistência.
.