"Quando realizamos a nossa primeira edição, em 1998, Tiradentes tinha apenas 450 leitos, enquanto, hoje, tem mais de 5.000", ressalta ela em entrevista à Encontro, acrescentando ainda que a realização das edições anuais regulares do festival possibilitou que a cidade histórica mineira recebesse investimentos.
. "A cidade passou a ser conhecida por sediar esse evento do audiovisual, que não só leva o seu nome como também é trabalha a projeção de sua imagem em outros lugares durante todo o ano, uma ação que, historicamente, promoveu o interesse e despertou a curiosidade das pessoas, que passaram a querer conhecer esse lugar", reflete.
. Para Raquel, a mostra funciona como um bom exemplo da força da cultura e da indústria criativa para o desenvolvimento social, humano e econômico.
"Este é também um acontecimento do ponto de vista do pertencimento, gerando milhares de empregos temporários. Em média, durante as últimas edições, foram registrados mais de 2.500 empregos diretos e indiretos. A Universo Produção (realizadora da Mostra) contrata 250 empresas para prestar serviço, indo desde a montagem de estruturas até transporte e alimentação", enumera, lembrando, ainda, que a rede hoteleira de Tiradentes teve ocupação de mais de 80% só na primeira metade da mostra.
. Esses números, aponta ela, revelam claramente o potencial da cultura e do audiovisual como um setor estratégico para a economia. "O cinema também representa uma cadeia produtiva complexa, que envolve desde a produção até a exibição dos filmes", examina.
. "Durante a 28ª edição da mostra, exibimos mais de 140 filmes vindos de 21 Estados brasileiros. E cada filme tem a sua equipe, que manda representantes para a cidade, participando não só das exibições, mas também de debates e rodas de conversa, em que discutimos tendências, falamos do futuro do audiovisual e, ao mesmo tempo, elaboramos documentos e diretrizes sobre políticas públicas que possam contribuir com o desenvolvimento do cinema enquanto indústria do entretenimento – não por acaso, a que mais cresce no mundo", acresce.
. O impacto da cultura no PIB
De fato, com impacto na economia brasileira superior ao da indústria automobilística, a cultura e as indústrias criativas têm ano a ano se provado estratégicas para o desenvolvimento e a geração de emprego e renda no país.
. E vale retroceder um pouco mais, até para demonstrar que a economia da cultura e as indústrias criativas têm conseguido manter o bom desempenho, o que pode ser lido como indicativo de sua solidez.
Em 2020, existiam no país mais de 130 mil empresas de cultura e indústrias criativas em atividade, sendo a área responsável por 2,4% das exportações líquidas. Naquele ano, essa cadeia produtiva movimentou 230,14 bilhões, equivalente a 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) – superando o índice da indústria automobilística registrou um valor de 2,1% no mesmo período.
. Belo Horizonte vê setor como estratégico
Participando da mesa "O desenvolvimento do audiovisual como política estratégica do Estado brasileiro", realizada no último sábado (25), integrando a programação da Mostra de Cinema de Tiradentes, o prefeito em exercício de Belo Horizonte, Álvaro Damião, e a secretária municipal de Cultura, Eliane Parreiras, destacaram encarar o setor da cultura e da indústria criativa como estratégicos para a capital mineira.
. Posteriormente, o prefeito em exercício conversou com a Encontro, quando reafirmou entender que o cinema e o audiovisual desempenham um papel essencial na construção e na projeção da identidade cultural de um povo. "Através de filmes, séries, documentários e outras produções, conseguimos compartilhar nossas histórias, tradições e experiências, além de ser uma ferramenta poderosa para projetar as nossas cidades e o nosso país. Além disso, o setor audiovisual gera emprego e renda, movimentando a economia criativa e proporcionando novas oportunidades de trabalho em diversas áreas e uma infinidade de negócios locais, desde a produção até a distribuição de conteúdo", indicou.
. "Diante disso, os municípios assumem uma posição estratégica de fomentar políticas públicas que integrem o audiovisual ao desenvolvimento local, como um instrumento poderoso de inclusão, transformação social e desenvolvimento econômico", prosseguiu, inteirando que, nesse contexto, a Prefeitura de Belo Horizonte está determinada a apoiar, fortalecer e estimular o setor do audiovisual com o Programa de Desenvolvimento do Audiovisual - BH nas Telas.
. "As principais frentes de políticas de fomento à produção audiovisual em Belo Horizonte integram o Programa de Desenvolvimento do Audiovisual - BH nas Telas, criado em 2018 e formalizado como política pública para o audiovisual em 2024, por meio de decreto do prefeito Fuad Noman", ressaltou, acrescentando que, além de institucionalizar essa política pública, o decreto criou um Comitê Gestor que conta com a participação da sociedade civil para o planejamento e acompanhamento do programa. "A política foi estruturada nas áreas de criação e produção; no fomento; incentivo à formação; na promoção do acesso às obras audiovisuais, também com sua preservação e conservação e no desenvolvimento econômico", conclui.
. Números
Somente em 2024 foram cerca de R$ 15 milhões para o audiovisual de BH, por meio dos editais "BH nas Telas - Fundo" e "BH nas Telas - Lei Paulo Gustavo". Desde 2018 foram quase R$ 50 milhões investidos.
Em 2024, a BH Film Commission apoiou 137 produções com 288 diárias de filmagem autorizadas. Essas produções investiram mais R$ 30,2 milhões na cidade - crescimento de 73% em relação a 2023, gerando 4.300 postos de trabalho, um crescimento 105% em relação ao ano anterior.
Em relação à conservação, o MIS BH mantém sob sua guarda mais de 90 mil itens e conta com uma equipe multidisciplinar responsável por tratar registros em diferentes formatos, como cartazes, documentos textuais, fotografias, fitas magnéticas, películas cinematográficas (35mm, 16mm, 8mm e Super 8), gravações sonoras e objetos tridimensionais, entre outros.
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