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Fragmentos do crânio de Luzia foram achados nos escombros

Especialistas acreditam que será possível fazer a reconstrução do fóssil


postado em 22/10/2018 11:50 / atualizado em 22/10/2018 14:24

Apesar de ter sido guardado numa caixa de metal, o crânio de Luzia acabou se fragmentando com incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro(foto: Léo Rodrigues/Agência Brasil/Divulgação)
Apesar de ter sido guardado numa caixa de metal, o crânio de Luzia acabou se fragmentando com incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro (foto: Léo Rodrigues/Agência Brasil/Divulgação)

Na última sexta, dia 19 de outubro, o Museu Nacional anunciou que foram encontrados em meio aos escombros do edifício que pegou fogo no dia 2 de setembro alguns fragmentos do crânio de Luzia. Trata-se do fóssil humano mais antigo já escavado no continente americano, considerado uma das principais relíquias que a instituição guardava.

O crânio ficava armazenado em uma caixa de metal, dentro de um armário. Essa caixa também foi encontrada parcialmente destruída. Cerca de 80% dos fragmentos encontrados já foram identificados. A expectativa é de que o crânio seja quase totalmente reconstituído, mas a extensão dos danos e das perdas ainda precisará ser avaliada. Também foram encontradas outras partes de Luzia que o Museu Nacional guardava, incluindo um fêmur.

De acordo com a arqueóloga Cláudia Carvalho, chefe da equipe de resgate do acervo, o esqueleto era frágil, razão pela qual ele não ficava em exposição permanente. "Parte do crânio que estava reconstituído perdeu a cola, então tivemos a liberação de fragmentos que estavam unidos. E alguma parte também foi afetada pelo fogo", diz a cientista à Agência Brasil. O que estava em exposição na ocasião do incêndio ainda não foi encontrada. Isso inclui fragmentos da bacia e ossos das pernas e dos braços.

Cláudia explica que a reconstituição do crânio será um trabalho de quebra-cabeça, mas lembra que há etapas preliminares a serem cumpridas. "Num primeiro momento, precisamos acabar a higienização do material. E daí é importante estabilizar para garantir que nenhum processo de decomposição ou de deterioração esteja em curso", afirma a arqueóloga.

Segundo o o paleontólogo Alexander Kellner, diretor de Museu Nacional, a reconstrução do crânio não será um processo rápido e será preciso primeiro ter um novo laboratório. Para tanto, ele estima que serão necessários pelo menos entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões. O diretor afirma que há algumas negociações em curso e já existe uma perspectiva de local para o novo laboratório, mas não deu detalhes.

Salvamento

Kellner ressalta à Agência Brasil também que as atividades de salvamento do acervo ainda não tiveram início. Nesse momento, estão em curso a implementação das medidas necessárias para dar segurança ao edifício, o que permitirá que os técnicos possam entrar e trabalhar. Para este fim, foram liberados R$ 8,9 milhões pelo Ministério da Educação (MEC). Estas medidas deverão ser concluídas em pouco mais de 150 dias e envolvem, por exemplo, o escoramento de paredes e a retirada de parte do material que esteja criando obstáculos.

"Nós não iniciamos ainda as atividades de salvamento do material que está nos escombros. Mas a medida que vamos avançando nesse trabalho de escoramento, nós acabamos fazendo alguns achados. A expectativa é de encontrar muitos outros tesouros importantes", explica o diretor do museu.

"Precisamos devolver o Museu Nacional para a sociedade. Estamos falando de um prédio ligado à história do país. E há uma pressão externa muito grande sobre nós. Temos vários museus no mundo que manifestaram interesse em nos doar material raro. Mas precisamos ter as condições adequadas. Precisamos dar segurança para as pessoas, os visitantes e os técnicos, e para o acervo", comenta Alexander Kellner.

(com Agência Brasil)

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