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Sociedade Brasileira de Pediatria alerta para uso excessivo de exames por imagens

Crianças estão sendo excessivamente expostas à radiação


postado em 11/10/2018 08:27 / atualizado em 11/10/2018 08:31

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) criou uma campanha para alertar pais e profissionais da Medicina para os riscos da exposição excessiva de crianças e adolescentes a exames de diagnóstico por imagem como tomografias computadorizadas e raios x.

Segundo a entidade médica, em nota enviada à imprensa, a intenção é estimular o uso racional dessas ferramentas, evitando possíveis danos com o acúmulo da radiação. Também há a preocupação, por parte de pediatras, em fazer com que técnicos responsáveis pela execução dos exames façam as adaptações necessárias aos equipamentos, adequando-os às características físicas desses pacientes.

"Para os médicos, os exames de imagem, como raios x, tomografias, ultrassonografias e ressonância magnética, são muito úteis à Medicina e, por vezes, essenciais ao diagnóstico em adultos e crianças. Entretanto, alguns desses exames emitem radiação nociva à saúde e, por isso, a SBP, em parceria com outras entidades nacionais e internacionais, lança uma campanha que alerta sobre o uso racional dessas ferramentas. Além dos pediatras, os radiologistas e outros técnicos envolvidos no processo também devem ser bem orientados", diz a nota da SBP.

Para Luciana Rodrigues Silva, presidente da entidade, é preciso cautela para não expor crianças e adolescentes a riscos desnecessários. Essa população, segundo ela, possui tecidos e órgãos ainda em desenvolvimento e apresenta, portanto, maior sensibilidade aos efeitos da radiação ionizante sobre o corpo humano. Quanto mais jovem for o paciente, maiores são as chances de desdobramentos adversos.

A orientação é que, durante a consulta, os especialistas façam uma investigação atenta e solicitem o exame apenas quando sinais e sintomas exigirem. Pediatras e demais médicos devem ainda alertar os pais sobre os riscos.

"Não são raros os casos em que os procedimentos decorrem de um pedido da própria família", diz Luciana, citada no comunicado enviado à imprensa. Ela destaca que é fundamental individualizar a situação de cada paciente, com bom senso crítico e uma boa hipótese diagnóstica, antes de solicitar exames complementares e, em muitas oportunidades, até discutir a possibilidade com o radiologista.

Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que cerca de 350 milhões – 4% de todos os procedimentos médicos por imagem nos últimos 10 anos – foram realizados em crianças e adolescentes de até 19 anos. Um ponto que chama a atenção, segundo a SBP, é que, embora o tamanho dessa população tenha diminuído no período, o volume de exames de diagnóstico por imagem aumentou em todo o país.

A radiologista Dolores Bustelo, uma das organizadoras da campanha da entidade médica, alerta que falhas na calibragem de equipamentos também constituem um problema frequente. Segundo ela, estudos confirmam ser possível reduzir as doses de radiação aplicadas durante os exames de tomografias computadorizadas, sem perder a qualidade do resultado e nem interferência no diagnóstico.

Ainda de acordo com a especialista, quando uma tomografia ou um exame de raio x são estritamente necessários para uma criança, devem ser usados aparelhos que permitam a sua adequação em função do peso do paciente e da extensão da área a ser analisada. Se bem manuseados, é possível reduzir significativamente a exposição à radiação.

(com Agência Brasil)

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