Revista Encontro

Saúde

Especialista fala sobre novo remédio para hemofilia A

Hemcibra foi aprovado pela Anvisa em agosto

Encontro Digital
- Foto: Pixabay

Em agosto deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do medicamento Hemcibra (emicizumabe) para tratamento da hemofilia A no Brasil. O remédio será utilizado por pessoas que desenvolveram o distúrbio hereditário que afeta o sistema de coagulação e faz com que haja dificuldade de estancar sangramentos espontâneos ou causados por traumas.

A hemofilia é justamente a falta de um fator de coagulação do sangue. Por não coagular adequadamente, o paciente tem tendência a sangramentos, sobretudo dentro das articulações e nos músculos. Há dois tipos da doença: o tipo A, que decorre da falta de coagulação do fator oito; e o tipo B, que decorre da falta do fator nove. A hemofilia tipo A é a mais frequente, ocorrendo em 80% dos casos. O tratamento da doença se baseia na reposição do fator deficiente, que vem num pó diluível injetado via intravenosa. Entretanto, 30% dos que possuem o tipo A em sua forma grave desenvolvem um inibidor que destroi o fator. Então, é necessário usar um outro, conhecido como fator de ponte.

O medicamento aprovado pela Anvisa é para esse grupo de pacientes que possue hemofilia tipo A e desenvolve inibidor.
Segundo a hematologista Paula Ribeiro Villaça, do Hospital das Clínicas da USP, o primeiro diferencial do novo produto é que ele é de aplicação subcutânea, ao invés de intravenosa e uma vez por semana – a intravenosa costuma ser feita três vezes. "O Hemcibra se mostrou muito eficaz, levando à redução de 87% dos casos hemorrágicos nos novos pacientes", diz a médica à Rádio USP.

A hematologista lembra que existe um programa do governo federal de coagulopatias (doença de coagulação) hereditárias registra todos os pacientes com problemas de deficiência do fator de coagulação congênito. O Ministério da Saúde fornece tratamento para esses doentes. Quando o novo medicamento estiver disponível no programa de tratamento, as pessoas terão acesso.

Paula Villaça esclarece ainda que a transfusão de sangue não é mais utilizada para o tratamento da hemofilia. Há concentrados de fator que são hemoderivados, fabricados a partir da doação de plasma, mas trabalhados industrialmente para eliminação de possíveis vírus. Segundo a médica, há mais de 20 anos não existe relato de contaminação viral pelo uso de concentrado de fator.

(com Rádio USP).