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Analistas avaliam restrição no envio de mensagens do WhatsApp

Essa medida seria uma forma de 'barrar' as fake news

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- Foto: Pixabay

Na última segunda, dia 21 de janeiro, o aplicativo WhatsApp, que pertence ao Facebook, anunciou a limitação do encaminhamento de mensagens para até cinco contatos ou grupos. Segundo a empresa, tal medida teve como objetivo reforçar o caráter da plataforma como espaço de trocas de mensagens privadas. A decisão foi uma reação para lidar com o que a companhia chamou de "questão do conteúdo viral", ou seja, a difusão massiva de informações, muitas vezes com caráter de fake news (falsas) por pessoas e grupos.

"O WhatsApp avaliou com cuidado essa teste e ouviu o feedback dos usuários durante o período de seis meses. O limite de encaminhamento reduziu significantemente o encaminhamento de mensagens no mundo todo. Começando hoje, todos os usuários da última versão do WhatsApp podem encaminhar apenas cinco mensagens por vez, o que vai ajudar a manter o WhatsApp focado em mensagens privadas com contatos próximos", informa a empresa por meio de nota.

O app entrou na mira de questionamentos em vários locais do mundo como espaço de disseminação de desinformação, conteúdos fake news. Na Índia, as mensagens falsas reproduzidas em massa foram identificadas como fatores de estímulo a linchamentos de pessoas no ano passado. Em razão desse caso, o WhatsApp instituiu no país no ano passado este limite de cinco destinatários como um teste.

Para especialistas ouvidos pela Agência Brasil, a nova medida pode ajudar a conter a circulação de conteúdos enganosos, mas ainda é preciso avaliar se terá eficácia na prática para impactar a quantidade de desinformação enviada. Na opinião de Marco Konopacki, coordenador de Tecnologia e Democracia do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, não há clareza se o novo limite vai conter de fato as chamadas fake news.

"Existem diferentes grupos com distintos interesses utilizando o WhatsApp para fins escusos, não simplesmente para distribuição de notícias falsas, mas aplicando poder computacional intensivo, com recursos de automatização e semi-automatização.
Essas fontes automatizadas não se sujeitam a isso , pois têm base de números e enviam por meio delas", comenta o especialista.

Cristina Tardáguila, diretora da agência de checagem de fatos Lupa, também vê com cautela os impactos da decisão. "A gente precisa acompanhar. Vamos ver como vai ser a implementação. Observar se será mesmo o Brasil ao mesmo tempo, todos os telefones ao mesmo tempo ou alguma coisa escalonada para ver se não teremos algum tipo de desequilíbrio", diz à Agência Brasil.

Fiscalização vs Criptografia

Segundo Tardáguila, o uso do WhatsApp para promoção de desinformação levanta questionamentos sobre como a proteção das mensagens pela criptografia, um dos recursos da plataforma, contribuiria para o fenômeno. "Não tenho opinião formada sobre isso. Mas criptografia é algo para poucas pessoas guardarem. No momento que você faz um broadcasting você está contando para muitas pessoas. Talvez ele possa não ser criptografado", afirma a especialista.

Para Francisco Brito Cruz, diretor do instituto de pesquisa Internet Lab, a medida adotada pelo WhatsApp tem como pano de fundo a tentativa da plataforma se afirmar como espaço de mensagens privadas frente ao uso para difusão massiva, especialmente de informações falsas. Ele acredita que a redução dos destinatários pode "estrangular um pouco o fluxo", mas que é preciso ver como será a eficácia na prática. O pesquisador considera, no entanto, que, a despeito da circulação de conteúdos enganosos, o recurso da criptografia não deveria ser flexibilizado.

"Quebrar criptografia pode trazer vulnerabilidade para as pessoas e deixar a plataforma mais insegura para todo mundo, o que cria risco de ser aproveitado para práticas de vigilância. Ela não tem que ser vista como empecilho, mas como escolha que é importante e que a gente não pode jogar fora o 'bebê com a água do banho'. Talvez uma das coisas mais importantes do WhatsApp seja a criptografia sob a perspectiva de segurança, de privacidade", defende Francisco.

(com Agência Brasil).