Segundo levantamento feito pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), 70% dos idosos brasileiros sofrem com doenças crônicas, sendo que 29,8% deles possuem duas ou mais dessas enfermidades. Elas estão ligadas a hábitos pouco saudáveis ao longo da vida, o que acaba gerando problemas como diabetes e hipertensão.
"A preocupação com o envelhecimento ainda é algo superficial porque não reflete na adoção de hábitos de vida saudáveis de maneira consistente, já que ainda é comum que as pessoas desenvolvam diabetes e hipertensão por volta dos 60 anos, que é quando a terceira idade se estabelece", comenta a geriatria e gerontologia Maísa Kairalla, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Um estilo de vida sedentário, associado a uma alimentação desequilibrada, rica em gorduras e açúcares, são os principais responsáveis pela aquisição de sobrepeso e obesidade, que podem levar à diabetes e hipertensão.
Uma das medidas que poderiam auxiliar na prevenção e inclusive no controle dessas doenças é a prática de atividade física. No entanto, ela ainda é subestimada pela população que não a adota por não conhecer seus benefícios ou até mesmo por falta de orientação. "Muitos idosos ainda têm a ideia de que exercícios são para os mais jovens e por isso deixam de praticá-los quando, na verdade, podem ir à academia ou praticar um esporte como a natação, tendo inúmeros benefícios tanto para a saúde física como mental", afirma a especialista.
O medo também os afasta de uma vida mais ativa e, inclusive, de momentos sociais. O estudo do Ministério da Saúde com a Fiocruz identificou que 85% da população com 50 anos ou mais vivem em áreas urbanas e cerca de 43% dos idosos acompanhados pelo estudo disseram ter medo de cair na rua. "Esse é mais um reflexo de que a nossa sociedade ainda tem um longo caminho pela frente até se adaptar e ter também um ambiente adequado para seu envelhecimento. É necessário rever todas as políticas públicas, inclusive coisas que num primeiro momento nem se imagina, como o plano piloto da cidade", diz Kairalla.
Ainda de acordo com o levantamento, as doenças crônicas são responsáveis por mais de dois terços das mortes no país, especialmente de idosos.
Atualmente, existem 29,3 milhões de pessoas da terceira idade no Brasil, conforme o IBGE e, em 2030, o número deve superar o de crianças e adolescentes. "É preciso não tem medo da velhice e se preparar para ela.