Informação preocupante no início do ano: em comunicado enviado à imprensa, a secretaria estadual de Saúde de São Paulo informa a detecção do sorotipo 2 da dengue em 19 cidades paulistas. Desde 2016, apenas o sorotipo 1 da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti circulava nos municípios de SP. O achado é preocupante porque pessoas infectadas por sorotipos diferentes num período de seis meses a três anos podem ter uma evolução para as formas mais graves da dengue.
"Apesar de não ser ainda a maioria dos casos, ele está circulando já de maneira mais consistente nos municípios da região de Araçatuba, São José do Rio Preto e um pouco em Ribeirão Preto", comenta o infectologista Marcos Boulos, coordenador de Controle de Doenças da secretaria estadual de Saúde, no comunicado.
Dos 645 municípios paulistas, o sorotipo 2 foi detectado em Andradina, Araraquara, Barretos, Bauru, Bebedouro, Catanduva, Espírito Santo do Pinhal, Indiaporã, Ipiguá, Itajobi, Mirassol, Pereira Barreto, Piracicaba, Pirangi, Ribeirão Preto, Santo Antônio de Posse, São José do Rio Preto, Uchoa e Vista Alegre do Alto.
Apesar do alerta, Boulos afirma que o tipo 2 da dengue não é "especialmente pior". O risco está relacionado à superposição de vírus. "Estava circulando o tipo 1 até agora, e quando circula um tipo e aparece um novo sorotipo do vírus, pode ser 2, 3 ou 4, no caso é o 2, aí pode ter uma evolução para maior gravidade para quem já teve dengue 1", afirma o infectologista.
Ele lembra que, atualmente, não é mais utilizada a nomenclatura dengue hemorrágica, pois nem todos os casos graves de dengue evoluem com hemorragia.
Segundo Marcos Boulos, as equipes de saúde das cidades em que a circulação do tipo 2 foi identificada estão sendo orientadas a dar uma assistência mais cuidadosa aos pacientes com suspeita da doença. "Em um caso de dengue no ano passado, quando só circulava o tipo 1, se o paciente estava bem, se tomava líquido pela boca, mandava para casa e, se tivesse alguma coisa, voltaria. Hoje, para fazer isso, eu tenho que ter convicção. Talvez ficar mais tempo com o paciente no hospital para acompanhar a evolução".
O infectologista afirma ainda que não há uma explicação para o início da circulação do novo sorotipo.
De acordo com Boulos, há quatro sorotipos de dengue, sendo que três deles circulam no Brasil.
(com Agência Brasil).