Em depoimento durante audiência da comissão externa da Câmara dos Deputados sobre a tragédia de Brumadinho (MG), Fabio Schvartsman, presidente da mineradora Vale diz que a companhia foi surpreendida e até hoje não sabe o que causou o derramamento de rejeitos de minérios que provocou a morte de pelo menos 166 pessoas.
O rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão ocorreu no último dia 25 de janeiro e o número de mortos ainda pode aumentar, já que 155 pessoas estão desaparecidas.
"Fomos surpreendidos por Feijão. Todas as informações nos mostravam que não havia qualquer risco iminente com aquela barragem, não exigindo quaisquer ações da companhia. A Vale é uma joia brasileira e não pode ser condenada por um acidente", comenta Schvartsman aos deputados federais.
Na audiência pública, o presidente da Vale admite que o sistema de monitoramento adotado pela empresa e os laudos de estabilidade contratados não foram suficientes para antever o desastre. "O que quer que vínhamos fazendo, não funcionou", diz o executivo.
Segundo Fabio Schvartsman, os laudos de estabilidade funcionam como pedra fundamental de qualquer sistema de mineração no mundo e são produzidos por especialistas nacionais e internacionais. "Se esses laudos, feitos por gente capacitada para isso, dizem que as barragens estão estáveis e não há risco iminente [de ruptura], porque nós, de dentro da companhia, vamos contestar?", questiona o presidente da Vale.
Investigação
Contrapondo-se à tese de acidente, Antônio Sérgio Tonet, procurador-geral de justiça de Minas Gerais, afirma que as causas da catástrofe ainda estão sendo apuradas, mas, segundo ele, já há elementos de prova documental para indicar que o rompimento da barragem em Brumadinho não se deu por obra da natureza.
"Já havia preocupação, dentro da empresa, com os riscos daquele empreendimento. A própria promotoria de Defesa do Meio-Ambiente já havia instaurado um procedimento investigatório especifico sobre aquela barragem", comenta Tonet na mesma audiência pública. No entanto, ele revela que laudos enviados pela Vale ao Ministério Público em setembro ou outubro do ano passado atestavam a segurança da barragem da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho.
(com Agência Câmara Notícias)