Estado de Minas MEDICAÇÃO

Analgésico controverso é vendido normalmente no Brasil

OxyContin é acusado de causar vício nos Estados Unidos


postado em 26/03/2019 15:39 / atualizado em 26/03/2019 15:37

(foto: Purdue Pharma/Divulgação)
(foto: Purdue Pharma/Divulgação)

De acordo com matéria publicada pelo jornal britânico The Guardian, a farmacêutica americana Purdue Pharma fez um acordo com o estado de Oklahoma, nos EUA, em decorrência de uma ação judicial que acusa a fabricante do perigoso analgésico OxyContin (oxidocona) de ajudar a alimentar o abuso de opioides entre os americanos.

O acordo é o primeiro decorrente de uma onda de processos recentes sobre a comercialização de analgésicos pela farmacêutica. Segundo o procurador-geral de Oklahoma, Mike Hunter, citado pelo The Guardian, a conversa ocorreu poucas semanas antes de a Purdue, pertencente a membros da rica família Sackler, enfrentar o primeiro julgamento de cerca de dois mil processos contra a empresa farmacêutica. O julgamento seria televisionado, mas a não exibição consta do novo acordo.

Chamado de Oxycontin, o analgésico opioide – da mesma "família" da morfina e da heroína – é vendido no Brasil em comprimidos de 10, 20 e 40 mg, custando a partir de R$ 111 (caixa com 14 comprimidos). Ele é produzido pelo laboratório Mundipharma e é indicado no tratamento de dor moderada a severa, quando se faz necessária a aplicação de analgésico por um período superior a 24 horas.

Apesar de causar controvérsia em todo o mundo, como nos Estados Unidos, em que faz parte das "drogas" consideradas mais viciantes, no Brasil a oxidocona é liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, ao contrário de medicamentos psicoativos, como antipsicóticos e calmantes, por exemplo, o Rivotril, o OxyContin não é tarja preta. Ele é vendido com tarja vermelha, a mesma usada para remédios comuns como antibióticos e para hipertensão.

Conforme a Anvisa, em texto divulgado em seu site oficial, isso não compromete a saúde dos brasileiros, já que o OxyContin só é vendido mediante apresentação de receita de controle especial em duas vias, uma das quais fica retida na farmácia. O problema é que o documento médico não precisa ser impresso em papel amarelo especial, como dos psicoativos. A oxicodona pode ser adquirida com uma receita impressa em papel branco comum (sulfite), bastando ser preenchida com os dados do médico, o que é facilmente falsificável.

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