Com as chuvas e o calor, acidentes com animais peçonhentos também acabam aumentando. Escorpião, cobra, formiga, abelha, vespa, marimbondo, taturana, lacraia e aranha procuram lugares secos para se abrigarem, podendo ser encontrados nas proximidades das casas, jardins e parques, tanto em áreas urbanas, quanto rurais. O alerta é da secretaria de estado de Saúde (SES) de Minas Gerais.
"Nos meses do Verão [dezembro a março] há um aumento no número de acidentes por animais peçonhentos em relação aos demais meses do ano. Mais de 40% dos acidentes são registrados nessa época. Isto porque há um aumento no crescimento da população destes animais no período", comenta Mariana Gontijo, coordenadora de Zoonoses e Vigilância de Fatores de Risco Biológicos da SES-MG.
Em 2018, até o momento, foram mais de 45 mil acidentes com animais peçonhentos notificados em Minas Gerais, com 66 mortes relacionadas, conforme levantamento da secretaria. Esses números aumentaram em relação ao ano de 2017, quando ocorreram cerca de 40 mil casos e 58 óbitos. A maioria dos acidentes foi causada por escorpião, alerta a SES-MG.
Cuidados
A melhor forma de evitar os acidentes é adotar medidas de prevenção. Como o contato com os animais peçonhento ocorre, geralmente, durante a realização de atividades que envolvem a manipulação de galhos, troncos, folhas e coleta de frutos, recomenda-se atenção especial nessas ocasiões, principalmente com as crianças.
Mariana Gontijo recomenda manter limpos quintais e jardins das residências, além de não acumular folhas secas e lixo domiciliar. Também é importante evitar a formação de ambientes favoráveis ao abrigo de escorpiões, como obras de construção civil e terraplenagens que possam deixar entulho, superfícies sem revestimento e umidade. Além disso, é recomendado colocar telas nas aberturas de ventilação de porões e manter assoalhos fechados.
Abaixo, a especialista da SES-MG cita os principais cuidados para evitar acidentes com animais peçonhentos:
- Em locais ou situações de risco para acidentes por animais peçonhentos, como matas, áreas com acúmulo de lixo e jardins, utilize sempre equipamentos de proteção individual, como luvas de couro, botas de cano alto e perneira
- Não coloque as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de lenha ou entre pedras. Caso seja necessário mexer nestes locais, use um pedaço de madeira, enxada ou foice
- Não mexa em colmeias e vespeiros. Caso estes estejam em áreas de risco de acidente, contate a autoridade local competente para a remoção
- Inspecione roupas, calçados, toalhas de banho e de rosto, roupas de cama, panos de chão e tapetes, antes de usá-los
- Afaste camas e berços das paredes e evite pendurar roupas fora dos armários
- Caso encontre um animal peçonhento, afaste-se com cuidado e evite assustá-lo ou tocá-lo, mesmo que pareça morto, e procure a autoridade de saúde local para orientações
- Em locais rochosos ou com pedras soltas, caminhe sempre com os pés protegido por um calçado firme, de solado antiderrapante (tênis ou sapatilha)
Acidente
O contato com animais peçonhentos pode até levar à morte, caso a pessoa não seja socorrida e tratada adequadamente. Em caso de acidente, é preciso procurar atendimento médico e evitar soluções caseiras, tais como amarrar o local ou fazer torniquete no membro acometido, aplicar qualquer tipo de substância no local da picada ou "chupar o veneno", orienta a SES-MG. Essas são ações que apenas aumentam as chances de infecção local.
O médico Adebal Andrade Filho, coordenador do Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Minas Gerais da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), explica que, em caso de acidentes com animais peçonhentos, a pessoa deve procurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou um hospital de urgência imediatamente para ser avaliado. Se for constatada a necessidade, o profissional encaminhará a pessoa acidentada para uma unidade de soroterapia referência no município onde ocorreu o acidente. Na unidade, o paciente receberá o tratamento de acordo com o tipo de animal que realizou a picada.
"O tratamento e o fluxo de atendimento dependem do tipo de animal peçonhento que picou a pessoa, por isso é necessário uma avaliação médica. Por isso, é sempre importante informar ao profissional de saúde o máximo possível de características do animal, como: tipo de animal, cor, tamanho, entre outras", diz o médico.
(com Agência Minas)