O calor e a umidade, típicos desta época do ano, criam o ambiente propício para a proliferação e o aparecimento de animais peçonhentos. O número de acidentes com esses bichos, tanto dentro quanto fora de casa também aumenta. Como os insetos se reproduzem de forma acelerada no Verão, acabam levando ao crescimento da população de seus predadores, especialmente escorpiões, aranhas e cobras.
Em 2018, conforme levantamento parcial da secretaria de estado de Saúde (SES) de Minas Gerais, foram mais de 50 mil acidentes com animais peçonhentos notificados no estado, com 77 mortes registradas. Esses números aumentaram em relação ao ano de 2017, quando ocorreram cerca de 41 mil casos e 58 óbitos. A maioria dos acidentes é causada por escorpiões.
A SEs alerta que, em caso de acidentes com escorpião, é preciso manter a calma, deixar o membro picado pelo animal mais elevado em relação ao restante do corpo e procurar, o mais breve possível, o serviço de saúde mais próximo. Lá, será feito o atendimento ou o encaminhamento do paciente para uma unidade que seja referência em atendimento a picadas de animais peçonhentos.
O ideal, no entanto, é evitar esses encontros desagradáveis, com ações simples e eficazes. De acordo com Juliana Cabral, médica veterinária e responsável técnica pelo Serviço de Animais Peçonhentos da Fundação Ezequiel Dias (Funed), alguns cuidados são necessários, principalmente dentro de casa. "Para evitar acidentes com escorpiões temos que evitar o acúmulo de entulhos, lixos e folhagens que podem atrair insetos e consequentemente escorpiões. O ideal é eliminar o acúmulo destes materiais, vedar as frestas de portas e janelas e fechar os ralos. Também é preciso tomar cuidado com toalhas estendidas no banheiro, que estão úmidas, sacudir as roupas de cama, bater os calçados e roupas antes de vestir", diz a especialista em entrevista à Agência Minas.
Leptospirose
As chuvas, que costumam provocar enchentes, também servem de alerta para a leptospirose, doença transmitida pela urina dos ratos. "Entre 2011 e 2018, o aumento de amostras reagentes analisadas pelo Serviço de Doenças Bacterianas e Fúngicas da Funed foi, em média, 100% maior no primeiro trimestre do ano, se comparado ao último trimestre do ano anterior", afirma Max Assunção Correia, responsável técnico pelos diagnósticos da Funed.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, de 2011 a 2018 foram registrados em Minas Gerais 924 casos de leptospirose, com 102 óbitos, o que representa uma letalidade de 11,04%.
Durante as enchentes, a urina de roedores presente nos esgotos e bueiros mistura-se à enxurrada e à lama. Qualquer pessoa que tiver contato com esse material contaminado pode se infectar. A doença é causada por uma bactéria chamada Leptospira, que também pode estar presente na urina de bois, porcos, cavalos, cabras, ovelhas e cães. Os animais também podem adoecer e, eventualmente, transmitir a leptospirose ao homem. A bactéria penetra no corpo pela pele, principalmente por meio de arranhões ou ferimentos.
Os sintomas clássicos da doença são febre, calafrios, mialgia generalizada (dor muscular), cefaleia, dor ao redor dos olhos, podendo ser acompanhados de complicações renais, hemorrágicas, cardíacas, respiratórias e oculares.
As principais medidas de prevenção da doença são o controle da população de roedores; a redução do risco de exposição às águas e lama de enchentes; o uso de equipamentos de proteção individual; a conservação adequada de água e alimentos; e a destinação adequada do lixo.
(com Agência Minas)