Em reunião com integrantes da Agência Nacional de Mineração (ANM) e do Ministério de Minas e Energia (MME) na última terça, dia 5 de fevereiro, prefeitos mineiros reclamaram sobre o fechamento de 10 barragens em Minas Gerais, anunciado pela mineradora Vale na semana passada.
Os prefeitos argumentam que não foram ouvidos pela empresa antes do anúncio do descomissionamento das barragens (são fechadas e devolvidas à natureza). Eles estão preocupados com a possibilidade de que a suspensão das operações de mineração traga perda de arrecadação para os municípios.
Na semana passada, ao anunciar o plano para o descomissionamento de 10 barragens, o presidente da Vale disse que, para acelerar o processo, a empresa decidiu paralisar a produção de minério de ferro e de pelotas por até três anos nas minas próximas aos reservatórios. A medida, que será aplicada às barragens mineiras construídas com o método de alteamento a montante, o mesmo da barragem da mina do Córrego do Feijão em Brumadinho (MG), reduzirá a produção anual de minério de ferro em 40 milhões de toneladas e 10 toneladas de pelotas, o que representa 10% da produção da empresa ao ano.
Organizados em torno da Associação de Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig ), os prefeitos disseram ter recebido a informação com "perplexidade". Segundo eles, a suspensão da operação irá impactar toda a cadeia econômica dos municípios onde as barragens estão localizadas, inclusive com a redução do pagamento dos royalties da mineração.
"Mineração não se resume a royalties. São milhares de empregos, milhares de prestadoras de serviços, de fornecedores de insumos, que não é numa só cidade, mas na região", comenta Waldir de Oliveira, consultor de relações institucionais da Amig, após reunião no MME, citado pela Agência Brasil. "O reflexo é regional, os empregos são regionais", completa.
As 10 barragens de rejeitos que a Vale prometeu desativar estão localizadas na mesma região de Minas Gerais, nos arredores das cidades de Nova Lima, Rio Acima, Ouro Preto, Barão de Cocais, Belo Vale, Itabirito, Congonhas e Brumadinho. A empresa afirma que tem cinco mil empregados nas regiões afetadas e que não haverá demissões.
"Os municípios são 100% a favor de qualquer barragem que ofereça risco seja interrompida imediatamente, mas são também a favor que a mineração consiga um modelo imediato de continuar a operação. A operação não se resume a barragem. Tem condição de interromper as barragens sem interromper as operações", afirma Waldir de Oliveira.
Os prefeitos querem negociar com a empresa a questão da suspensão das atividades. Eles dizem que há alternativas para minimizar o impacto econômico e defendem o fortalecimento da Agência Nacional de Mineração na fiscalização das atividades de exploração mineral. "A agência hoje não tem nada. Eles estavam nos dizendo que estão tendo dificuldade para abastecer carros para fazer fiscalização. Vocês imaginam um país deste tamanho, com a riqueza mineral que tem, ter uma agência que, segundo o TCU [Tribunal de Contas da União], tem um quinto dos profissionais que deveriam ter. Essa é a maior prova de sucateamento dela", afirma o representante da Amig.
(com Agência Brasil)