Revista Encontro

EDUCAÇÃO

Colégios particulares de BH se adaptam à realidade do ensino remoto em meio à pandemia do novo coronavírus

Plataformas educacionais, videoaulas, atendimento psicológico online e até bate-papo no WhatsApp fazem parte da nova rotina de professores e alunos

Marina Dias
Professores, pais e alunos das escolas particulares de BH tentam se adaptar à rotina de educação a distância imposta pelo regime de isolamento social - Foto: Pixabay
O cenário de pandemia e isolamento social foi um baque para todos os setores da sociedade, inclusive para as escolas, principalmente de ensino infantil, fundamental e médio, menos envolvidas com a educação à distância. Acostumadas com o padrão histórico de aulas presenciais como principal forma de ensino, elas tiveram de se virar nos 30" para conseguir, de uma semana para a outra, começar a passar conteúdo para os alunos de forma integralmente remota.

No início da suspensão das classes em BH, em 18 de março, ainda não estavam definidas as orientações do MEC e demais órgãos educacionais sobre carga horária letiva obrigatória, férias, calendário escolar. Muito ainda é dúvida. Afinal, o fim da quarentena ainda não está delimitado, o que significa que as instituições e as famílias não sabem quando será o retorno e como será reajustado o cronograma do ano.

O diretor do Colégio Bernoulli, Rommel Domingos: Atualmente, todos os alunos da instituição, do infantil ao médio, já estão tendo aulas diárias, com postagem de para casa e atividades online - Foto: Violeta Andrada/EncontroNo entanto, mesmo antes de saber se o conteúdo passado aos alunos de maneira remota contaria na carga horária de 2020 - no final de março foi definido pelo Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais que sim, poderá ser contabilizado -, muitas escolas particulares de BH decidiram se movimentar para não deixar alunos e pais desassistidos. "Nossa prioridade desde o início foi fornecer atividades ao aluno que está em casa para que se sinta útil, consiga se distrair, para que tenha propósito", explica o diretor de ensino do Bernoulli, Rommel Domingos.

Na instituição, que já tinha plataforma digital e aplicativo estruturados (e, portanto, muito material didático disponível antes da pandemia), o principal desafio foi passar as aulas, conforme já planejadas para os próximos meses, de forma sistemática. Eles começaram a gravá-las paulatinamente, e o conteúdo está sendo postado todo dia. Só nos primeiros 10 dias de operação, no início do isolamento social, foram produzidas mais de 300 videoaulas. A terceira série do ensino médio, por exemplo, não ficou sem aula nem no primeiro dia de isolamento.
Atualmente, todos os alunos, do infantil ao médio, já estão tendo aulas diárias, com postagem de para casa e atividades online. Até a redação dos simulados do Enem é feita pelos alunos em casa e enviada digitalmente, por um portal específico, para os monitores corrigirem.

No Santo Antônio, o portal da escola e a plataforma Google for Education têm sido as principais ferramentas para as atividades, além de aulas online, que ficam gravadas, caso o aluno queira ver depois. Fora o contato de professores com alunos pelas mais diferentes vias. "Estamos fazendo vários momentos de lives, perguntas e respostas, respondendo por Whatsapp e por e-mail. Nessa emergência, tivemos que nos adaptar", explica o coordenador pedagógico, Olavo Sérgio Campos.

Desde o dia 1º de abril, os alunos do Marista Dom Silvério estão tendo aulas e atividades online da educação infantil até o ensino médio. Por meio da plataforma Microsoft Teams, professores estão dando aulas desenvolvidas especialmente para este período, com um cronograma que vai de segunda a sexta, em que alunos podem fazer perguntas durante a classe e tirar dúvidas diretamente com o professor. Na 1ª, 2ª e 3ª série do ensino médio, o planejamento segue como previsto, com o objetivo de mantê-los preparados para o Enem 2020 - que, até segunda ordem, está mantido e com datas já marcadas.

No Coleguium, onde também foi reorganizado o currículo do infantil ao médio, os mais velhos acompanham conteúdo via salas de aula virtuais desde 31 de março. Os pequenos, antes do terceiro ano do fundamental, recebem o planejamento de aulas pelos responsáveis. O livro digital foi outra ferramenta adotada pela instituição, para todas as disciplinas regulares, o que traz mais familiaridade com o mundo "lá de fora".


No Santo Agostinho, plataforma educacional e app da escola são as ferramentas mais usadas, e alguns professores têm se valido, em casa, de equipamentos dos laboratórios, como os "notebooks 2 em 1 com caneta", que permitem falar e mostrar ao mesmo tempo as telas com detalhes. O momento também foi oportuno para a implantação, que está em curso na unidade Nova Lima, do piloto de uma plataforma exclusiva para alunos da instituição.

Como nas demais escolas, diversas atividades dos ensinos fundamental e médio serão contabilizadas como integrantes da carga horária obrigatória. No entanto, ainda não está claro como isso funcionará para o infantil - que depende muito mais do contato educador-aluno e para quem o ensino dificilmente se traduz para o formato virtual. Contudo, o ciclo não ficou desassistido. "Os pais dos alunos da Educação Infantil estão recebendo materiais semanais de apoio e atividades, para que a aprendizagem e rotina das crianças sejam mantidas", explica  Júnia Rohlfs, gestora pedagógica da unidade Nova Lima do Santo Agostinho.

Olavo Sérgio, do Santo Antônio, ressalta que mesmo para crianças mais velhas e adolescentes, a tecnologia sozinha não substitui o valor das aulas em sala física.
"Não se pode comparar as aulas à distância  com a interação professor/aluno em sala", diz. "Por mais bem feita que seja a tecnologia, nada melhor que a aula presencial, principalmente para crianças e adolescentes. A aula à distância complementa e, em momento como este, estimula a criatividade e desafia os alunos e os professores", completa.

No Bernoulli, a preocupação com essa adaptação fez surgir um serviço com a equipe de psicólogas educacionais realizando o atendimento individualizado para apoio emocional, orientação profissional, além de ajudarem a organizar sua metodologia de estudo. "Não temos que nos pautar em volume. As famílias não devem ficar ansiosas querendo cobrar demais, correr com o conteúdo. Acima de tudo, é essencial nos preservarmos, preservarmos a saúde física e mental de nossos familiares em nossos lares", diz Rommel.

Dicas para pais e alunos se organizarem para estudo em casa

  • É importante manter uma rotina diária e ter horário reservado para os estudos

  • Não procrastine nas atividades, pois o conteúdo pode se acumular (como aconteceria nas aulas físicas)

  • Também não é necessário correr para produzir à frente do que está no cronograma

  • Não hesite em pedir ajuda aos professores e coordenadores, pois o cenário é diferente e a adaptação pode não ser imediata

  • Pais também devem tentar não ficar ansiosos com a situação e pressionar os filhos, pois o contexto é desafiador para toda a família

  • Não se esqueça de tentar praticar alguma atividade física em casa (é essencial para a mente e para o corpo)
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