Ela estuda o assunto há mais de 10 anos e desenvolveu uma tabela mostrando como diferentes cores de tinta impactam nos índices de absorção de radiação solar nas superfícies – uma propriedade chamada de absortância.
Uma superfície, ao ser aquecida, aquece também o ar ao seu redor. Por isso, escolher bem a cor da tinta pode ajudar a ter uma temperatura mais agradável dentro dos ambientes e, consequentemente, reduzir o consumo de energia com ventiladores ou condicionadores de ar, por exemplo. A tabela criada pela professora, inclusive, passou a ser utilizada pelo Procel, programa federal que promove o uso eficiente da energia elétrica.
"Existem diversas variáveis que interferem na absortância de uma superfície: a cor em que é pintada, o tipo de tinta e também sua composição química, mas quando o foco é a reflexão de calor, o maior determinante é a cor", afirma Kelen Dornelles. Seus estudos levam em conta apenas o calor absorvido pela superfície dos materiais, e não o quanto a cor interfere na transmissão do calor.
A pesquisadora inseriu amostras de tinta em um espectrofotômetro, que mede e compara a quantidade de luz absorvida, transmitida ou refletida por elas. "A cor branca, por exemplo, reflete 80% . Já o preto reflete apenas 2%, absorvendo praticamente todo calor que é emitido sobre as superfícies", explica a engenheira civil da USP.
Dessa forma, a casa ideal deveria ser toda pintada de branco, correto? Não, de acordo com a especialista, já que nossos olhos sofreriam com a reflexão excessiva de luz.
Para a Kelen Dornelles, é possível contemplar beleza e conforto, já que as opções de cores de revestimentos são inúmeras, inclusive para telhas. A alternativa seria simplesmente optar pelas cores claras, em tons pastel, que giram em torno de 40% a 60% de absorção do calor. "O branco gelo, por exemplo, tem absorção de 50%. Ou seja, ainda é branco, mas absorve muito mais do que o branco puro", completa a professora.
(com Jornal da USP)
*Publicado originalmente em 20/02/2019.