Revista Encontro

NATUREZA

Onça-pintada Maya é a mais nova integrante do Zoológico de BH

Filhote de 10 meses vindo de São Paulo está em quarentena e integra programa nacional para preservação da espécie ameaçada de extinção

Da redação
- Foto: Divulgação
O Zoológico de Belo Horizonte anunciou a chegada de sua mais nova moradora: a onça-pintada Maya, uma fêmea de apenas 10 meses, nascida no dia 3 de junho de 2024 no Animália Park, em Cotia (SP). Saudável e pesando cerca de 35 quilos, a jovem onça pertence a uma espécie típica do Cerrado brasileiro e já está sob cuidados da equipe técnica do Zoo.
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De acordo com a bióloga e diretora da Zoobotânica, Sandra Cunha, Maya apresenta comportamento típico da espécie e já demonstra boa adaptação:

"Em conversa com o Zoológico de origem, fui informada que Maya é uma filhote tranquila, apresenta o comportamento esperado para a espécie, se alimenta bem, interage com o que é ofertado e gosta muito de brincar. O Zoo de BH possui experiência e reconhecimento nacional nos cuidados com os animais, o que foi um ponto importante para a definição do ICMBIO em nos direcionar esse espécime. Como é de amplo conhecimento, a onça-pintada é um animal ameaçado, infelizmente integrando a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção. Após direcionamento do órgão ambiental, a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica não mediu esforços para receber Maya em nosso plantel. A onça-pintada é um animal belíssimo e o maior felino das Américas, que após o período de quarentena, poderá ser vista pelos belo-horizontinos".
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A chegada de Maya foi viabilizada pelo Programa de Conservação ex situ de Onça-Pintada, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por meio de um Acordo de Cooperação Técnica firmado com a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB). O Zoológico de BH é membro da associação e signatário do programa. "A participação do Zoo nos programas de conservação de espécies ameaçadas é de extrema importância e vem de encontro ao nosso compromisso com a conservação da fauna que vem sendo impactada, principalmente no seu ambiente natural", pontua o biólogo e gerente do Zoológico de BH, Humberto Mello.
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Período de adaptação e cuidados intensivos


Atualmente, Maya encontra-se em quarentena, uma etapa essencial para sua adaptação e avaliação de saúde antes da exposição ao público. O procedimento é padrão e garante que o novo animal esteja saudável e bem integrado ao ambiente. A jovem onça está sob observação da equipe técnica do Zoológico, composta por veterinários e biólogos, que monitoram seus parâmetros clínicos e comportamentais.
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"A quarentena é um procedimento rotineiro para os novos animais e fundamental para garantir a saúde do plantel. Nesse período, o animal recém-chegado permanece em uma área isolada do Hospital Veterinário e recebe uma supervisão detalhada quanto aos parâmetros nutricional, comportamental e de saúde em geral. Além da observação cotidiana, durante um período médio de 30 dias, a onça Maya passará por um check-up completo, com exames de fezes, sangue, urina, raio x e ultrassom, de modo a garantir que encontra-se em perfeito estado de saúde e não representa risco de introdução de nenhuma doença para os animais do Zoo, antes de ser incorporada ao plantel e liberada para o seu recinto de exposição", explica o médico veterinário e gerente do Hospital Veterinário do Jardim Zoológico, Carlyle Mendes Coelho.
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A última onça-pintada sob os cuidados do zoológico foi Janis, que faleceu em 2023 aos 19 anos, superando a média de vida da espécie sob cuidados 
humanos, que gira em torno de 17 a 18 anos. Atualmente, o Zoo mantém quatro onças-pardas em seu plantel.
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Espécie símbolo das Américas e ameaçada pela perda de habitat


A onça-pintada é considerada o maior felino das Américas e possui hábitos predominantemente crepusculares e noturnos. Excelente nadadora, escaladora e caçadora por emboscada, a espécie se alimenta de uma grande variedade de presas, desde répteis e aves até grandes mamíferos. Mais de 85 espécies já foram registradas como parte da dieta do animal.
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Embora já tenha ocupado uma ampla faixa geográfica que ia do sul dos Estados Unidos ao norte da Argentina e Uruguai, a onça-pintada perdeu cerca de 50% de sua área de distribuição original. No Brasil, ainda está presente em todos os biomas, mas sua presença é incerta nos Campos Sulinos. Estima-se que a subpopulação da espécie no país tenha caído cerca de 30% nos últimos 27 anos.

A onça-pintada está classificada como "Quase Ameaçada" pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e como "Vulnerável" pelo ICMBio. A principal ameaça é a destruição do habitat, acelerada nas últimas décadas pelo desmatamento no Cerrado e na Amazônia.
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