Estado de Minas NATUREZA

Onça-pintada Maya é a mais nova integrante do Zoológico de BH

Filhote de 10 meses vindo de São Paulo está em quarentena e integra programa nacional para preservação da espécie ameaçada de extinção


postado em 30/04/2025 00:37

(foto: Divulgação)
(foto: Divulgação)
O Zoológico de Belo Horizonte anunciou a chegada de sua mais nova moradora: a onça-pintada Maya, uma fêmea de apenas 10 meses, nascida no dia 3 de junho de 2024 no Animália Park, em Cotia (SP). Saudável e pesando cerca de 35 quilos, a jovem onça pertence a uma espécie típica do Cerrado brasileiro e já está sob cuidados da equipe técnica do Zoo.

De acordo com a bióloga e diretora da Zoobotânica, Sandra Cunha, Maya apresenta comportamento típico da espécie e já demonstra boa adaptação:

"Em conversa com o Zoológico de origem, fui informada que Maya é uma filhote tranquila, apresenta o comportamento esperado para a espécie, se alimenta bem, interage com o que é ofertado e gosta muito de brincar. O Zoo de BH possui experiência e reconhecimento nacional nos cuidados com os animais, o que foi um ponto importante para a definição do ICMBIO em nos direcionar esse espécime. Como é de amplo conhecimento, a onça-pintada é um animal ameaçado, infelizmente integrando a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção. Após direcionamento do órgão ambiental, a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica não mediu esforços para receber Maya em nosso plantel. A onça-pintada é um animal belíssimo e o maior felino das Américas, que após o período de quarentena, poderá ser vista pelos belo-horizontinos".

A chegada de Maya foi viabilizada pelo Programa de Conservação ex situ de Onça-Pintada, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por meio de um Acordo de Cooperação Técnica firmado com a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB). O Zoológico de BH é membro da associação e signatário do programa. "A participação do Zoo nos programas de conservação de espécies ameaçadas é de extrema importância e vem de encontro ao nosso compromisso com a conservação da fauna que vem sendo impactada, principalmente no seu ambiente natural", pontua o biólogo e gerente do Zoológico de BH, Humberto Mello.

Período de adaptação e cuidados intensivos


Atualmente, Maya encontra-se em quarentena, uma etapa essencial para sua adaptação e avaliação de saúde antes da exposição ao público. O procedimento é padrão e garante que o novo animal esteja saudável e bem integrado ao ambiente. A jovem onça está sob observação da equipe técnica do Zoológico, composta por veterinários e biólogos, que monitoram seus parâmetros clínicos e comportamentais.

"A quarentena é um procedimento rotineiro para os novos animais e fundamental para garantir a saúde do plantel. Nesse período, o animal recém-chegado permanece em uma área isolada do Hospital Veterinário e recebe uma supervisão detalhada quanto aos parâmetros nutricional, comportamental e de saúde em geral. Além da observação cotidiana, durante um período médio de 30 dias, a onça Maya passará por um check-up completo, com exames de fezes, sangue, urina, raio x e ultrassom, de modo a garantir que encontra-se em perfeito estado de saúde e não representa risco de introdução de nenhuma doença para os animais do Zoo, antes de ser incorporada ao plantel e liberada para o seu recinto de exposição", explica o médico veterinário e gerente do Hospital Veterinário do Jardim Zoológico, Carlyle Mendes Coelho.

A última onça-pintada sob os cuidados do zoológico foi Janis, que faleceu em 2023 aos 19 anos, superando a média de vida da espécie sob cuidados 
humanos, que gira em torno de 17 a 18 anos. Atualmente, o Zoo mantém quatro onças-pardas em seu plantel.

Espécie símbolo das Américas e ameaçada pela perda de habitat


A onça-pintada é considerada o maior felino das Américas e possui hábitos predominantemente crepusculares e noturnos. Excelente nadadora, escaladora e caçadora por emboscada, a espécie se alimenta de uma grande variedade de presas, desde répteis e aves até grandes mamíferos. Mais de 85 espécies já foram registradas como parte da dieta do animal.

Embora já tenha ocupado uma ampla faixa geográfica que ia do sul dos Estados Unidos ao norte da Argentina e Uruguai, a onça-pintada perdeu cerca de 50% de sua área de distribuição original. No Brasil, ainda está presente em todos os biomas, mas sua presença é incerta nos Campos Sulinos. Estima-se que a subpopulação da espécie no país tenha caído cerca de 30% nos últimos 27 anos.

A onça-pintada está classificada como "Quase Ameaçada" pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e como "Vulnerável" pelo ICMBio. A principal ameaça é a destruição do habitat, acelerada nas últimas décadas pelo desmatamento no Cerrado e na Amazônia.

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