Uma pesquisa da Faculdade de Odontologia de Bauru da USP, em parceria com o Hospital do Câncer A. C. Camargo, em São Paulo (SP), e com o Hospital do Câncer de Barretos (SP), descobriu que a proteína moesina pode ajudar na identificação de pacientes com câncer de boca do tipo mais agressivo. Os cientistas verificaram que aqueles que tinha tumor com forte expressão da moesina nas células cancerosas tiveram menor risco de morrer pelo câncer.
O estudo analisou o tipo mais frequente do tumor de boca, o carcinoma epidermoide ou espinocelular, tipo maligno que surge a partir das células da mucosa bucal. "Ele se caracteriza pela invasão dos tecidos por células atípicas e alteradas geneticamente da mucosa bucal. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer estimou para o biênio 2018-2019 um total de 11,2 mil casos novos de câncer da cavidade oral em homens e 3,5 mil em mulheres", comenta a professora Denise Tostes Oliveira, orientadora da pesquisa, em entrevista para o Jornal da USP.
Ela lembra que esse câncer causa muitas mortes no Brasil e no mundo. "Em nosso país muitos pacientes ainda são diagnosticados com a doença em estágios avançados, o que diminui as taxas de sobrevivência. Porém, quando diagnosticado em fases iniciais, o câncer de boca pode ser curado e o tratamento é baseado na cirurgia, associada em alguns pacientes a radioterapia ou quimioterapia", diz a cientista.
A pesquisa da USP investigou a importância da moesina, proteína envolvida no processo de movimentação da célula cancerosa, na evolução clínica dos tumores e no prognóstico dos pacientes com câncer de boca.
A análise foi feita utilizando um teste estatístico denominado Kaplan Meier, onde são incluídos todos os fatores que podem influenciar as taxas de sobrevivência do paciente como, por exemplo, a idade, o gênero, o tabagismo, o etilismo, a presença de linfonodos comprometidos pelo câncer, a radioterapia e a proteína moesina. "O único fator que influenciou as taxas de sobrevivência foi a presença forte da proteína moesina nas células cancerosas, confirmando seu papel como um fator de prognóstico favorável para os pacientes com câncer de boca", aponta Denise Oliveira.
(com Jornal da USP).