Uma nova espécie de dinossauro foi descoberta na região sul do Brasil. Trata-se da mais antiga espécie de pescoço longo do mundo.
O animal batizado de Macrocollum itaquii foi descrito pelos cientistas brasileiros a partir de três esqueletos fossilizados escavados em rochas triássicas com 225 milhões de anos. É a primeira vez que fósseis completos de dinossauros são encontrados no Brasil.
Em entrevista à agência russa de notícias Sputnik, o paleontólogo Rodrigo Temp Müller, do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ressalta a importância da descoberta para a paleontologia brasileira e mundial: "Com o Macrocollun a gente passa a ter o primeiro dinossauro com esqueleto completo do Brasil. Além disso, ele tem 225 milhões de anos e, para essa idade, no mundo todo, a gente não tinha nenhum esqueleto de dinossauro desse grupo completo. Então, ele ganha uma importância internacional em relação a esse grau de completude da espécie".
A descoberta dos fósseis, no entanto, foi ocasional e feita por um tio de Rodrigo na cidade de Agudo, no interior Rio Grande do Sul. O pesquisador, que é natural do município, conta que o parente dele encontrou os ossos enquanto trabalhava numa propriedade da região. "Um tio meu encontrou um elemento que ele achou estranho numa rocha. Ele entrou em contato com a minha mãe, que me mandou as fotos.
Após a descoberta, a equipe de paleontologia, formada por profissionais da UFSM e da Universidade de São Paulo (USP), deu início ao trabalho de campo para remover o bloco de rocha com os três esqueletos. As escavações duraram cerca de 20 dias até a extração dos fósseis na rocha de cinco toneladas – do fim de 2012 até o inicio de 2013.
Segundo o paleontólogo, com a análise do material, a equipe constatou que se trava de uma espécie ainda desconhecida de sauropodomorfos. "Eles passaram pela análise de comparação. A gente comparou os esqueletos com os de outros sauropodomorfos do mundo e constatamos que era uma espécie nova, com base em algumas características", diz o especialista.
A pesquisa realizada por Rodrigo Temp Müller em parceria com os professores Max Cardoso Langer (USP) e Sérgio Dias da Silva (UFSM) resultou num estudo que foi publicado na revista científica Biology Letters neste mês de novembro.
Nomenclatura
A denominação da espécie foi feita em homenagem a um brasileiro. O nome "Macrocollum" significa pescoço longo, em referência a principal característica do animal. Já "itaquii" presta homenagem a José Jerundino Machado Itaqui, um dos principais responsáveis pela criação do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da UFSM, na cidade de São João do Polêsine, onde os fósseis de 225 milhões de anos e cerca de 3,5 m estão depositados.
(com Agência Sputnik).