Revista Encontro

Paleontologia

Descoberta espécie inédita de dinossauro no Brasil

Trata-se de um réptil de pescoço longo de 225 milhões de anos

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Representação artística mostra como era o Macrocollum itaquii, espécie de dinossauro de pescoço longo que foi descoberta no Brasil - Foto: Márcio L.Castro/Centro de Apoio a Pesquisa Paleontológica/Divulgação

Uma nova espécie de dinossauro foi descoberta na região sul do Brasil. Trata-se da mais antiga espécie de pescoço longo do mundo.

O animal batizado de Macrocollum itaquii foi descrito pelos cientistas brasileiros a partir de três esqueletos fossilizados escavados em rochas triássicas com 225 milhões de anos. É a primeira vez que fósseis completos de dinossauros são encontrados no Brasil.

Em entrevista à agência russa de notícias Sputnik, o paleontólogo Rodrigo Temp Müller, do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ressalta a importância da descoberta para a paleontologia brasileira e mundial: "Com o Macrocollun a gente passa a ter o primeiro dinossauro com esqueleto completo do Brasil. Além disso, ele tem 225 milhões de anos e, para essa idade, no mundo todo, a gente não tinha nenhum esqueleto de dinossauro desse grupo completo. Então, ele ganha uma importância internacional em relação a esse grau de completude da espécie".

A descoberta dos fósseis, no entanto, foi ocasional e feita por um tio de Rodrigo na cidade de Agudo, no interior Rio Grande do Sul. O pesquisador, que é natural do município, conta que o parente dele encontrou os ossos enquanto trabalhava numa propriedade da região. "Um tio meu encontrou um elemento que ele achou estranho numa rocha. Ele entrou em contato com a minha mãe, que me mandou as fotos.
Deu para notar que era uma vértebra fossilizada. Então, acionei a nossa equipe de paleontologia e fomos até o local. Lá, constatamos que eram esqueletos fósseis que estavam aflorando no local", conta Rodrigo Müller.
A descoberta dos fósseis mais antigos de dinossauros pescoçudos se deu por acaso - Foto: Centro de Apoio a Pesquisa Paleontológica/Divulgação
Após a descoberta, a equipe de paleontologia, formada por profissionais da UFSM e da Universidade de São Paulo (USP), deu início ao trabalho de campo para remover o bloco de rocha com os três esqueletos. As escavações duraram cerca de 20 dias até a extração dos fósseis na rocha de cinco toneladas – do fim de 2012 até o inicio de 2013.

Segundo o paleontólogo, com a análise do material, a equipe constatou que se trava de uma espécie ainda desconhecida de sauropodomorfos. "Eles passaram pela análise de comparação. A gente comparou os esqueletos com os de outros sauropodomorfos do mundo e constatamos que era uma espécie nova, com base em algumas características", diz o especialista.

A pesquisa realizada por Rodrigo Temp Müller em parceria com os professores Max Cardoso Langer (USP) e Sérgio Dias da Silva (UFSM) resultou num estudo que foi publicado na revista científica Biology Letters neste mês de novembro.

Nomenclatura

A denominação da espécie foi feita em homenagem a um brasileiro. O nome "Macrocollum" significa pescoço longo, em referência a principal característica do animal. Já "itaquii" presta homenagem a José Jerundino Machado Itaqui, um dos principais responsáveis pela criação do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da UFSM, na cidade de São João do Polêsine, onde os fósseis de 225 milhões de anos e cerca de 3,5 m estão depositados.

(com Agência Sputnik).