Pesquisadores das universidades suíças de Berna e Zurique publicaram, recentemente, um estudo sobre uma planta ainda pouco conhecida, mas que já é considerada a "nova maconha". Trata-se da espécie do gênero radula, que cresce lentamente e pode ser encontrada em países como Nova Zelândia, Costa Rica e Japão.
Segundo matéria publicada no site da emissora britânica BBC, já se sabe, desde 1994, que a Radula marginata, por exemplo, é capaz de surtir efeitos semelhantes ao da Cannabis sativa – a planta da maconha –, tanto no aspecto recreativo quanto medicinal. Isso acontece porque ela, assim como sua famosa "parente", possui canabinoides, susbtâncias químicas conhecidas por serem psicoativas – no caso da maconha, o principal ingrediente é o tetra-hidrocanabinol (THC).
Com isso, os cientistas suíços analisaram a radula visando compreender melhor seus efeitos, aplicando seu canabinoide em ratos de laboratório. Eles concluíram que, apesar da planta não ser do gênero Cannabis, ela tem propriedades que ativam os mesmos receptores do sistema nervoso que o THC. "A radula contém perrotinolene, que é uma variante do THC, com efeitos muito semelhantes", explica o bioquímico Jürg Gertsch, um dos autores do estudo, em entrevista à BBC.
Entretanto, o especialista aponta que há algumas diferenças entre a radula e a maconha que podem ser exploradas em estudos posteriores. "Ela é menos potente e, possivelmente, possui efeitos adversos diferentes dos registrados pela maconha. Nós não testamos os efeitos da planta com um todo, apenas uma de suas substâncias, mas acreditamos que ela pode ter menos impacto no sistema nervoso e na memória", esclarece o cientista, acrescentando que isso pode representar uma oportunidade extra para utilização medicinal da radula.
A notícia da BBC destaca ainda que, apesar da planta ser conhecida por seus efeitos psicoativos desde 1994, o estudo realizado na Suíça é o primeiro a analisar as propriedades da planta visando "definir as consequência toxicológicas da perrotinolene em camundongos, porém, prevendo algo semelhante em humanos".
Efeitos
A pesquisa mapeou os efeitos da substância canabinoide em 44 pontos do sistema nervoso central da scobaias. Os cientistas suíços concluíram que, assim como ocorre com a maconha, o psicoativo da radula pode se acumular no cérebro e possui efeitos analgésicos. Entretanto, ela está associada a efeitos colaterais indesejados como catalepsia (paralisação total dos membros), hiperlocomoção e hipotermia.