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Nanotecnologia pode ajudar pacientes com osteoartrite

Cientistas criam método para tratar a 'raiz' do problema


postado em 29/11/2018 11:30 / atualizado em 29/11/2018 11:35

(foto: Jojo/Creative Commons/Reprodução)
(foto: Jojo/Creative Commons/Reprodução)

A osteoartrite é um problema inflamatório sério que atinge principalmente os idosos. A condição não tem cura e o tratamento enfrenta um grande desafio: fazer com que os remédios penetrem o espaço entre os ossos e cheguem ao local afetado. Mas, isso pode mudar. Um consórcio de cientistas americanos desenvolveu uma molécula que consegue transportar os medicamentos para as articulações, impedindo a eliminação rápida das substâncias e, consequentemente, aumentando a ação da terapia. A novidade foi publicada na última edição da revista científica Science Translational Medicine.

Segundo os pesquisadores, muitos medicamentos destinados à osteoartrite falham em testes clínicos porque são eliminados pelo organismo antes de penetrar as células produtoras de cartilagem, os condrócitos, nas articulações. "Iniciamos o estudo com o entendimento de que nanomateriais carregados positivamente poderiam se ligar e penetrar a cartilagem, carregada negativamente. Essas interações positiva e negativa haviam se mostrado promissoras em trabalhos anteriores", comenta Brett Geiger, pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), um dos autores, em entrevista ao jornal Correio Braziliense.

O cientista conta que, depois de muita pesquisa, ele os colegas conseguiram criar duas moléculas: Pamam e polietilenoglicol. "Vimos que esses polímeros se encaixavam no que procurávamos", diz Geiger. Com os materiais selecionados, a equipe projetou um nanocarregador (microscópico) para transportar substâncias, que foi batizado de dendrímero. A tecnologia possui uma superfície (positiva), que se liga efetivamente ao tecido de cartilagem (negativo), o que permite uma penetração tecidual mais profunda.

Em testes com animais, os pesquisadores anexaram o medicamento chamado fator de suporte de crescimento de cartilagem ao dendrímero. Eles observaram que injeções do composto penetraram na cartilagem de vacas – semelhante em espessura à cartilagem humana – em apenas dois dias. Em ratos, uma única injeção restaurou com segurança a integridade da cartilagem e dos ossos de forma mais eficaz do que a aplicação do remédio sem o uso do nanocarregador. Além disso, houve redução de 60% na largura da degeneração da cartilagem em joelhos danificados. "O período de tempo em que o nanocarregador permanece dentro da articulação do joelho e as melhorias proporcionadas aos roedores foram consideráveis", diz o cientista americano ao Correio.

O especialista destaca que o dendrímero mostrou vantagens muito superiores às de tecnologias semelhantes. "Outros métodos apresentaram resultados parecidos, mas o que se destaca em nosso trabalho é a capacidade de penetrar a cartilagem das cobaias, que é tão espessa quanto a humana, com cerca de um milímetro. Isso é muito importante para acessar todas as células da cartilagem com as drogas pretendidas. Muitas tecnologias que permanecem na articulação durante o mesmo tempo que a nossa não penetraram tão profundamente", afirma Brett Geiger.

Os autores do estudo ficaram extremamente satisfeitos com os resultados dos testes com animais, o que, segundo eles,  impulsionará uma pesquisa ainda mais ampla. Um dos próximos passos será testar o nanocarregador em composições humanas diferentes. "Vamos usá-lo em tecidos semelhantes à cartilagem, como o menisco, tendão ou córnea. Estamos interessados em utilizar outros medicamentos biológicos também. E, claro, se quisermos chegar mais perto de sermos capazes de usá-lo em humanos algum dia, precisamos testar essa tecnologia em animais maiores, como porcos ou até cavalos, para garantir que ela seja segura e funcione como pretendido", adianta o pesquisador do MIT.

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