Um estudo publicado na revista científca Science no final de novembro deste ano mostra que uma bactéria bastante conhecida por "habitar" a pele das pessoas pode ser potenciamente mortal para o hospedeiro. Segundo pesquisadores do Centro Milner para Evolução, da Universidade de Bath, no Reino Unido, a Staphylococcus epidermidis, que vive em cada indivíduo do planeta, possui semelhanças com o Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA, na sigla em inglês), que também é imune à famosa penicilina e está associada à infecção hospitalar.
Como sempre foi uma "moradora" bem conhecida da pele humana, a bactéria recém estudada acabou sendo desvalorizada até o momento. Porém, os investigadores britânicos alertam que os médicos devem tomar precauções extras com os pacientes para evitar infecções, especialmente após a realização de uma cirurgia ou para aqueles que possuem doenças crônicas.
Na pesquisa publicada na Science, a equipe do Centro Milner para Evolução recolheu amostras de micro-organismos de pacientes que tinham contraído alguma infecção após serem submetidos a operações, e comparou o resultado com as amostras de pele de voluntários saudáveis.
A análise revelou a presença de 61 genes na bactéria Staphylococcus epidermidis que estão associados à capacidade de afetar a saúde de pacientes com maior risco, especialmente no pós-operatório. Os germes encontrados nos voluntários saudáveis não tinham esse conteúdo genético.
Os genes perigosos fazem com que haja o crescimento bacteriano na corrente sanguínea, deixando os patógenos resistentes à resposta imunitária do organismo e ao tratamento com antibióticos.
"Ela sempre foi ignorada clinicamente porque frequentemente é considerada um contaminante em amostras de laboratório ou simplesmente aceita como um risco conhecido das cirurgias. As infecções pós-cirúrgicas podem ser incrivelmente graves e fatais. A infecção é responsável por quase um terço das mortes no Reino Unido, então, acredito que deveríamos estar fazendo mais para reduzir o risco. Se pudermos identificar quem corre mais risco de infecção, podemos fornecer precauções extras de higiene antes de os submetermos à cirurgia", comenta o pesquisador Sam Sheppard, professor da Universidade de Bath, líder doe studo, em entrevista ao portal da instituição britânica de ensino.