Um estudo coordenado pela pesquisadora Tânia Viel, professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, e publicado em setembro na revista científica Frontiers in Aging Neuroscience, mostra que o enriquecimento do ambiente pode proteger o cérebro contra o Mal de Alzheimer e ajuda a melhorar a memória. A variação das atividades e estímulos inibe a formação de estruturas em nossos neurônios que prejudicam a comunicação entre as células nervosas.
Por meio de testes com camundongos, os pesquisadores da USP observaram uma menor quantidade das chamadas "placas senis" em animais que conviviam em ambiente enriquecido, comparados aos que tinham uma moradia considerada normal. Essas placas neurais são aglomerados de peptídeos (aminoácidos) que agem de maneira danosa no cérebro, por meio da inflamação dos neurônios e, consequentemente, levam à destruição das células nervosas.
"Os benefícios foram constatados, inicialmente, pela melhora da memória espacial. Mas os melhores efeitos não foram evidenciados pelo comportamento, mas sim pela proteção do cérebro contra a agressão das placas senis", comenta Tânia Viel ao Jornal da USP.
A pesquisadora explica que a menor quantidade das placas senis serve como uma proteção do cérebro contra o Mal de Alzheimer e que isso é de grande utilidade para os seres humanos. "O nosso ambiente enriquecido é justamente manter uma alternância entre trabalho e lazer", diz a professora.
Segundo ela, o importante é praticar atividade física, além de outras atividades lúdicas do cotidiano, como passear com o cachorro, manter uma vida cultural (teatro, cinema, shows e jogos), estudar ou sair para dançar, viajar, fazendo com que o ambiente se torne mais enriquecido. "Qualquer atividade que o indivíduo mantenha e que consiga ter uma alternância produzirá o aumento de proteínas que são protetoras para o cérebro", completa Tânia.
Em estudo anterior, a professora da USP já havia demonstrado que o enriquecimento ambiental traz benefícios à memória tanto no processo de envelhecimento do organismo quanto na própria fase da velhice. A nova pesquisa comprovou que isso também procede em um modelo semelhante ao do Alzheimer. "Qualquer pessoa, em qualquer fase da vida, pode começar a sua proteção cerebral; nunca é tarde", orienta a cientista.
(com Jornal da USP)